Neste artigo proponho que coaching seja utilizado para endereçar um relevante problema nas universidades e faculdades brasileiras: a evasão de alunos de instituições de ensino superior. Fundamento esta proposta em dois pilares: o primeiro, na teoria apresentada por Sherry Harsh-Porter (2012) sobre coaching para persistência. Já o segundo pilar trata da transferência dos princípios de habilidades de coaching para gestores, hoje bastante familiar em empresas, para faculdades e universidades. Finalmente, apresento um modelo de programa de coaching que pode ser aplicado em instituições de ensino superior.
Evasão do ensino superior: além da questão financeira
Os números de alunos universitários que abandonam seus cursos são alarmantes: em 2014, 49% dos alunos universitários brasileiros abandonou seus cursos (Revista Gestão Universitária, 2016) e as causas para a evasão universitária são diversas: obviamente problemas financeiros que impedem que alunos arquem com as mensalidades e dificuldades de acesso a financiamentos são um grande obstáculo para que estudantes atinjam a graduação. Porém, os desafios enfrentados por alunos universitários não se restringem à falta de recursos financeiros, principalmente no que tange estudantes da primeira geração a ter acesso a curso superior: administrar o tempo frente à demanda escolar e outras obrigações, falta de apoio do sistema familiar, baixo rendimento escolar são alguns dos desafios encontrados por alunos que são os primeiros da família a ingressar em uma faculdade ou universidade (Harris, 2017).
Coaching para persistência e não para retenção
Para apoiar alunos universitários americanos em situação de risco de abandono de seus cursos, Sherry Harsch-Porter (2012) apresenta, em sua tese de doutoramento, o coaching para persistência. O objetivo desta perspectiva, apoiada no construcionismo social e na investigação apreciativa, é usar coaching para que alunos de ensino superior desenvolvam a confiança e a resiliência que os permitirá concluírem a graduação universitária. Um ponto fundamental desta abordagem é a mudança de foco: de esforço da instituição de ensino em reter seus alunos para o estudante, cujo foco é persistir em seu curso, daí o nome coaching para persistência, que coloca o aluno no centro do processo de coaching.