“Entretanto há uma concordância generalizada de que, como processo de aprendizagem, o coaching executivo ainda está “construindo sua identidade“
Helen Paige (2002)
Embora nos idos de 2002 Paige (2002, p. 61) tenha feito a afirmação acima, esta construção/reconstrução da identidade do coaching executivo continua buscando compatibilizar-se com as demandas contemporâneas, fruto das profundas e rápidas transformações do mundo empresarial.
A autora nos surpreende com a atualidade e amplitude de suas observações, muitas delas desconsideradas na área de Coaching Executivo.
Trata-se de uma modesta pesquisa realizada na Australia com cinco executivos que fizeram coaching por um período que variou entre seis meses e um ano.
Foi aplicado um instrumento desenvolvido por Guskey, (1998), após o encerramento de um programa, para identificar/analisar o impacto do coaching executivo nos executivos e no seu trabalho.
Este instrumento propõe-se a avaliar 5 níveis críticos de resultados de intervenções de desenvolvimento profissional:
# Reações dos participantes
# Aprendizagem dos participantes
# Apoio e mudança da organização
# Utilização do participante dos novos conhecimentos e habilidades (skills)
# Resultados da aprendizagem
No decorrer das entrevistas emergiram três temas principais:
1 -Contexto do Coaching –
Incluiu os seguintes aspectos: Introdução preliminar, informações sobre a intervenção e expectativas do coachee em relação ao processo, cultura da organização, a familiaridade do coach com a cultura organizacional e utilização de coaches internos e externos.
2. A Experiência do Coaching-
As razões predominantes para o processo de coaching foram administração do tempo, supervisão e delegação, administração de conflitos, proatividade.
Emergiram pontos importantes sobre características dos coaches:
* Escuta cuidadosa
* Capacidade de comunicação
* Manutenção do foco
*Relação de confiança
*Desafiar o coachee a sair da sua zone de conforto.
3. Reflexões-
Os entrevistados reconheceram aspectos pessoais tais como aprender novas formas de pensar, informações atualizadas, crescimento pessoal, desenvolvimento de autoconsciência e autovalorização. Quanto aos negativos foram citados desconhecimento do coach sobre a cultura organizacional, falta de tempo para reflexão durante o processo, respeito limitado pelo coach.
Observa Paige que :
# a cultura organizacional e o apoio da organização são “críticos” para o sucesso do coaching. (p. 67)
# As três competências chave do coach vistas pelos coachees entrevistados foram: desenvolver e manter um relacionamento confiável, capacidade de desafiar o pensamento das pessoas e tira-las da sua “zona de conforto”.
Ressalta, ainda que “ Se o processo de coaching não for considerado na organização como uma forma viável de desenvolvimento pessoal e um modelo de aprendizagem de adultos” esta intervenção tenderá a não alcançar os resultados esperados”.
Passadas duas décadas, estas observações continuam válidas apesar das radicais mudanças do mundo corporativo hoje que geram novas demandas.
Como ressalta Luchtenberg (2022, p.1) “ Neste novo mundo do trabalho o impacto da tecnologia significa novas habilidades/capacidades, novos papéis estão emergindo tão rapidamente quanto outros estão mudando”.
De acordo com Conference Board‘s C-Suite Challenge, 2022, os executivos globais “adotarão o coaching como o foco principal da sua gestão do capital humano nos próximos anos”
A empresa Regalum Coaching prevê 9 tendências para o coaching :
1. Aumento na demanda de serviços de coaching para enfrentar os novos desafios.
2. Mais lideranças irão beneficiar-se dos serviços de coaching executivo entre os quais gestores, diretores e colaboradores de potencial elevado.