Educação não transforma o mundo.
Educação muda as pessoas.
Pessoas transformam o mundo
Paulo Freire
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Há muito tempo tenho me dedicado, com persistência e entusiasmo, a defender a importância de se investir no desenvolvimento do ser humano integral. Permito-me transcrever um trecho do meu livro PRECISA-SE (de) SER HUMANO: VALORES HUMANOS – EDUCAÇÃO E GESTÃO (Ed. Vozes, 2016):
As lideranças empresariais e políticas, quando não assumem a sua responsabilidade pelo desenvolvimento e pela total interdependência de todas as coisas, podem levar (e levam) uma sociedade inteira e o mundo para o caos. A deterioração do meio ambiente, a pobreza e miséria, os desperdícios e a corrupção estão minando a esperança de um futuro melhor e ameaçando a vida na Terra.
Há um clamor por mudanças que brota do seio da Terra e da população e estas mudanças envolvem transformação pessoal e estrutural e requerem uma conversão, isto é, uma mudança de consciência: sair do interesse próprio em direção ao interesse coletivo.
Nos últimos séculos a ênfase esteve no desenvolvimento material e todo o comportamento humano e organizacional esteve dirigido para atingir a este propósito. As funções gerenciais planejamento, organização, direção e controle, assim como muitas outras competências consideradas importantes são derivadas de uma visão de mundo cujos fundamentos remontam ao século XVIII.
Hoje, há um movimento no sentido de valorizar a dimensão emocional e espiritual nas organizações e na sociedade. Todos querem encontrar significado em seu trabalho; quando não encontram, a vida também perde o significado, assim há muitos anos já afirmava Maslow.
No entanto, a formação profissional insiste em privilegiar o aspecto cognitivo, racional, negligenciando o desenvolvimento das dimensões emocional e espiritual, que sustentam a capacidade de conviver, de respeitar a diversidade, de cooperar, de inovar, intuir e admirar-se diante da beleza, da solidariedade e encantar-se com o que realmente alimenta e fascina a alma humana.
Quando se relaciona educação e trabalho apenas em termos de qualificação de competências e saberes técnicos esperados pelo mercado, reduz-se o ser humano a uma categoria e esta não contempla a dignidade do trabalhador.