“ Pesquisadores e profissionais frequentemente analisam o Coaching de forma isolada, sem considerar o impacto que os Coachees têm sobre o sucesso do processo de Coaching”
Weiss, J.A. e Merrigan, M., (2021)
“Pouca atenção tem sido dedicada ao papel que a coachabilidade tem no alcance de resultados de desenvolvimento e de mudança comportamental”
K. J.Cavanaugh et al. (2021)
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O tema coachabilidade tem sido pouco abordado na literatura especializada sobre coaching não havendo, ainda, um consenso a respeito de sua definição, nem de seus indicadores.
O termo coachabilidade, não foi definido academicamente e alguns coaches referem-se a ele como parte de um processo de coaching, mas poucas vezes consideram a real dimensão deste fator nos resultados.
Shannahan et al. (2013) foram os primeiros a analisar a coachabilidade no contexto organizacional ao focar a relação entre a coachabilidade dos vendedores e sua performance em vendas.
Como ressaltam Weiss e Merrigan (2021, p. 122), “ a disponibilidade e habilidade do coachee de receber, agir e alterar seu comportamento com base no feedback obtido durante as interações do coaching permanece um fator crítico, porém pouco investigado, na equação do coaching”.
Cavanaugh et al. (2021, p.1) comentam o número limitado de investigações sobre como os coaches “definem coachabilidade e que métodos utilizam para determina-la”. Lembram também que uma “avaliação adequada da prontidão do candidato ao processo de coaching” seria uma forma eficaz de otimizar o uso de recursos disponíveis para este processo.
O que é Coachabilidade?
Segundo Ciuchta et al (2018, p. 868), Coachabilidade “é o grau com que um empreendedor busca, considera e utiliza o feedback para aperfeiçoar a performance da organização”.
Ressaltam que se trata de um fator crítico para a compreensão da dinâmica do relacionamento que se estabelece nos processos de coaching, compreensão esta que permitiria prever os prováveis resultados, baixar custos e otimizar os benefícios do coaching, além de facilitar relacionamentos com base no comprometimento mútuo e na confiabilidade.
Cavanaugh et al. (2021, p. 13) consideram “Coachabilidade como um atributo individual diferenciado que permitiria às organizações otimizarem as decisões relacionadas ao uso dos seus recursos ”. Realizaram um levantamento com 80 coaches profissionais associados a duas instituições acadêmicas americanas e identificaram 5 fatores de coachabilidade: Orientação para crescimento, Abertura, Segurança, Vulnerabilidade e Recursos Externos.
Constataram os seguintes aspectos:
1. Na prática os coaches profissionais avaliam a coachabilidade através de indicadores como orientação para o crescimento, abertura para feedback, envolvimento ativo no processo de coaching e admitir imperfeições.
2. Ausência de diferenças significativas sobre a visão de coachabilidade dos participantes, indicando um modelo mental comum, fator este que favorece o desenvolvimento de mensurações confiáveis para este conceito.
3. Coachabilidade e Não Coachabilidade são polos de um único constructo. Não consideram a coachabilidade com uma característica fixa e sim maleável e, em parte, circunstancial.
Ressaltam que com “uma mensuração válida da coachabilidade, as intervenções poderiam ser desenhadas e avaliadas, contribuindo assim para elevar o potencial de coachabilidade do candidato” e evitar o desperdício dos recursos disponíveis.
Weiss e Merrigan (2021, p. 126) definem Coachabilidade como “um fator atuante, uma diferença individual que influencia o grau em que os funcionários buscam receber e implementar feedback construtivo para o desenvolvimento pessoal e o aperfeiçoamento do desempenho” ou seja, a coachabilidade de um indivíduo motiva -o a buscar feedback e implementar comportamentos que facilitam o desenvolvimento. “Em resumo, o nível de coachabilidade estimula a busca de feedback, receptividade e implementação de comportamentos” (p. 127).