Nosso coach João nos traz o seguinte caso: meu cliente de coaching executivo tem uma vida muito difícil porque trabalha em uma área demandante, com gente traiçoeira e em uma organização que precisa diminuir custos. Já fizemos 5 sessões de coaching e me sinto incapaz de ajudar meu cliente diante desse cenário. Devo desistir desse processo de coaching?
João, três aspectos me chamam a atenção em seu relato: referência ao contexto e ausência de qualquer menção à pessoa, a seu cliente; emprego do termo “ajudar”; sua desistência (decisão unilateral) do processo de coaching. Vamos olhar cada um desses aspectos para lidar com a sua questão.
É sintomático, João, que você se detenha na descrição do contexto e não mencione seu cliente. Esse tipo de armadilha é bastante comum: muitas vezes ficamos tão absortos e impactados com o contexto do cliente, que esquecemos do que é fundamental: o próprio cliente de coaching. Vale a pena recorrer à definição de coaching executivo, tido como um processo de desenvolvimento organizacional, conduzido por um coach profissional que consta de interações individuais com profissionais, frequentemente líderes de uma organização, visando a proporcionar elaboração de sentidos e por meio disso mudança de atitude (Pliopas, 2018). Fundamentada nessa definição, lembro que coaching executivo não é sobre resolver o problema do cliente, e sim sobre, na relação com o cliente, apoiá-lo a entender, dar sentido ao seu contexto e a partir daí lidar com a situação. Coaching não é sobre o contexto no qual o cliente está; é sobre o cliente e como ele dá sentido e lida com o contexto no qual está inserido.