A preocupação com os resultados do Coaching, em particular o Coaching Executivo, é um tema que tem desafiado os estudiosos na última década.
Como ressaltam Zeus e Skifington (2000, p. 71), pioneiros na abordagem da questão do sucesso/insucesso nos resultados do Coaching Executivo, este poderá “ser inútil e improdutivo tanto do ponto de vista do coach, como do coachee”. Seguindo a tendência vigente, indicam nove causas prováveis focadas todas no coach e/ou no coachee, desconsiderando os demais fatores interferentes.
Kilburg , em 2002, considerou que se tratava de um “tópico tabu” em coaching executivo. Identificou sete elementos como essenciais para a eficácia deste processo, desconsiderando que este envolve uma complexa rede de fatores que extrapolam a dupla coach/coachee tais como o processo, o contexto organizacional, os stakeholders, bem como os próprios objetivos do coaching.
Kilburg (2002) definiu insucesso em coaching “quando o cliente não alcança uma melhoria substancial na área das metas para as quais o coaching foi contratado” (pg. 289), envolvendo aspectos de caráter avaliativo que raramente são mencionados.
Apesar de sua abordagem focar apenas coach e coachee como fatores intervenientes no insucesso, esta teve o mérito de buscar compreender as suas causas.
Baseado em sua experiência cita as seguintes:
# Relacionadas ao coach: a) empatia insuficiente com o coachee. b) ausência de capacitação/interesse para lidar com as questões do coachee. c) subestima a severidade dos problemas do coachee ou superestima suas habilidades de influenciar o coachee. d) reação do coachee. e) limitações de natureza metodológica/técnico-profissional.
# Relacionadas ao coachee: a) problemas psicológicos. b) problemas interpessoais. c) falta de motivação. d) Expectativas irrealistas. e) falta de participação no processo.
Trata-se de uma abordagem micro do processo de coaching, que traz alguma luz para o controvertido tema relação coach-coachee e seu impacto no insucesso do coaching executivo. Trata-se de uma questão que gerou poucas investigações sistemáticas dada a sua complexidade, heterogeneidade e o elevado número de variáveis intervenientes.
Observa-se que as contribuições posteriores tem buscado ampliar/diversificar a visão sobre os insucessos de processos de coaching ao identificar fatores que extrapolam a relação coach/coachee.
É, por exemplo, o caso do contexto que envolve os aspectos socioculturais que intervêm no processo, bem como o papel dos chamados stakeholders, um conjunto de pessoas que compõem o cenário organizacional e que, direta ou indiretamente, estão envolvidos e afetam o Coaching Executivo e seus resultados.
Greif (2007) ao abordar o tema resultados do coaching propôs um modelo de previsores de resultados referentes ao coach e ao coachee, seguindo a tendencia da época.
Em relação ao coach indica que fatores negativos como falta de apoio emocional, de auto estima e de orientação para resultados impactam de forma negativa o processo de coaching.
No que se refere ao coachee, indica como fatores desfavoráveis o não estabelecimento de metas, a não ativação dos seus próprios recursos e a falta de uma análise pessoal.
Embora adote uma visão limitada, este estudo teve o mérito de ampliar/diversificar aspectos pouco abordados da questão.
Como escreve o próprio autor, “uma análise autocrítica das forças e limitações através de pesquisas sobre a avaliação do coaching ajuda-nos a identificar os pré-requisitos e os fatores positivos que fazem a diferença entre sucesso e insucesso do coaching” (p. 245).