“Enquanto percebemos algo que os outros não percebem, estes também possuem informações e insights que nos faltam”

Hughes e Bousquet(2021)

Este tema tem sido objeto de investigações e análises, embora pouco se tenha avançado na identificação dos fatores que determinam as percepções de coachees, coaches e observadores a respeito do processo de coaching.

De Haan e Niess (2015), dando continuidade aos seus estudos sobre “momentos críticos do coaching”, tal como vivenciado pelos coachees e seus respectivos coaches e sponsors, levantaram 147 descrições de momentos críticos sendo 49 de coachees, 49 de coaches e 79 de sponsors.

Os resultados deste estudo indicam que enquanto coachees e coaches referem-se principalmente a momentos de novos insights e de mudanças atitudinais como sendo críticos, os sponsors ressaltam mudanças do comportamento do coachee relacionados com habilidades interpessoais e comunicação.

Coaches e coachees parecem mais alinhados em suas descrições de momentos críticos quando comparados com os sponsors, confirmando resultados obtidos em pesquisa anterior realizada  pelos  autores (De Haan e Niess, 2012).

Em termos de congruência entre coachees, coaches e sponsors, relacionados a um mesmo processo de coaching, os resultados foram os seguintes:

Congruência coach/coachee -                       30%

Congruência coachee/sponsor -                   10%

Congruência coach/sponsor -                        8%

Congruência coach/coachee/sponsor -      16%

Os dados acima sugerem que:

• coachees e coaches mostraram-se consideravelmente mais alinhados em relação aos momentos críticos do que os sponsors, nos casos em que os três se referiam a um mesmo processo de coaching.

• Coachees e coaches referem-se a momentos de novas realizações e insights.

• Ambos, coaches e coachees,  observaram mudanças em termos de compreensão e autoconsciência e referem-se aos mesmos momentos como sendo críticos em quase metade de suas descrições.

• Os sponsors, por outro lado, focaram principalmente nas mudanças positivas no relacionamento com o coachee.

•  Coaches e coachees parecem ser mais congruentes em termos dos momentos selecionados como sendo críticos.

• Foram encontradas evidências de que os sponsors reconhecem mudanças significativas como resultado das conversas de coaching, em particular as ações tomadas pelos coachees resultantes destas conversas.

Embora De Haan e Niess, (2015, p. 56)  tenham se referido ao chamado “efeito Rashomon” em processos de coaching, consideram  que os dados disponíveis não confirmam  sua ocorrência. Ressaltam, entretanto, que estes dados poderão gerar informações para esclarecer se “os participantes de uma mesma sessão desenvolvem narrativas diferentes sobre esta experiência comum”.

Lawley e Linder-Pelz (2016) realizaram um estudo do qual participaram três coaches, seis coachees e um especialista com experiência em certificação de dezenas de coaches. O especialista foi encarregado de observar/avaliar as competências do coach demonstradas em sessões de coaching gravadas em vídeo.

Os coachees que participaram deste estudo foram selecionados com base nos seguintes critérios:

• Não tinham experiência anterior com a metodologia utilizada (Meta-Coaching).

• Desejavam mudar algo significativo em suas vidas