“Precisamos mudar radicalmente nossa compreensão sobre o impacto do relacionamento no coaching e sobre o papel do cliente no coaching”
De Haan e Molyn (2020).
A relação Coach/Coachee é um tema que tem atraído a atenção dos profissionais da área de coaching executivo desde os seus primórdios. Seus posicionamentos têm variado em função dos resultados obtidos através dos levantamentos, das pesquisas e das análises realizadas, bem como da experiência dos investigadores, dos coaches e dos coachees.
Entender a dinâmica desta densa rede de relacionamentos e seu papel nos resultados do processo de coaching executivo continua sendo um desafio e uma responsabilidade adicional, particularmente quando nos confrontamos com práticas simplistas que reduzem a relação Coach/Coachee a uma interação repetitiva e estereotipada.
Tanto Coaches, como Coachees, trazem para o seu relacionamento um conjunto de crenças, atitudes, valores, percepções, vivencias, experiências e expectativas acumuladas durante sua vida pregressa, além de pressões, necessidades e demandas oriundas de um contexto em constante transformação.
Sills (2003, p. 1) afirma que “o fator mais vital para resultados bem-sucedidos em coaching executivo é a qualidade do relacionamento entre coach e coachee”
Bluckert (2005, p.336) entende que a relação coach-coachee é “o fator crítico para os resultados de processos de coaching bem-sucedidos”
Segundo Baron e Morin, (2009, p.86) “A relação de trabalho estabelecida entre Coach e Coachee parece ser a variável chave do processo. Vários autores sugerem que uma boa relação de trabalho constitui uma condição essencial para o sucesso do coaching executivo.”
Como escrevem McKenna e Davis (2009, p. 250), “acreditamos que o relacionamento cliente-coach é crítico em qualquer compromisso..... É um meio através do qual o coach ativa a capacidade do cliente e seu desejo de mudar”. Ressaltam, também, a importância da aliança de trabalho, considerando que esta “proporciona um foco potente para o coaching executivo” (p. 250).
Grant (2014, p.18) , considera que o relacionamento coach-coachee é uma das quatro facetas que impactam o sucesso do coaching. Observa, entretanto, que até junho de 2015 foram identificados “apenas 10 estudos na literatura que examinam especificamente aspectos do relacionamento coach-coachee”( Grant, 2016, p.111)
De Haan e colaboradores (2020) tem-se dedicado nos últimos anos ao estudo sistemático do tema com o objetivo de ampliar o conhecimento sistematizado sobre o relacionamento como um previsor de resultados do coaching, bem como de explorar o impacto dos chamados “ingredientes ativos” nestes resultados.
Recentemente De Haan et al. (2020a) realizaram duas pesquisas. Uma com 180 mulheres em posição de liderança sênior em uma empresa multinacional que participaram de 12 sessões de coaching com coaches internos com formações de diferente duração.
A outra foi realizada com 105 estudantes de um curso universitário de administração do Reino Unido. Cada coach trabalhou com um estudante durante 6 sessões mensais. Além das variáveis demográficas, foram considerados outros fatores tais como eficácia do coaching, atingimento de metas, estresse percebido, bem-estar psicológico, apoio social percebido, esperança, autoeficácia, relacionamento coach-coachee, comportamentos de coaching, MBTI de personalidade e três instrumentos de Hogan (HPI, HDS e Motivos, Valores e Preferencias).