“ Coaching transcultural ocorre pelo fato do contexto ser, de alguma forma, ‘trans’, ‘multi’ ou ‘intercultural’ ”
G. Abott (2010).
Na atualidade, caracterizada por um contexto multicultural, dinâmico, em constante mutação no qual as distâncias foram anuladas pela tecnologia, o conviver com a diversidade tornou-se uma capacidade essencial.
As intervenções de coaching executivo e empresarial, dado o crescimento exponencial das empresas multinacionais espalhadas pelo mundo, tem gerado uma demanda crescente por coaches capacitados a atender executivos cuja cultura de origem é diferente da sua própria.
Tal demanda por intervenções de coaching variam de país para país, de cultura para cultura, de aspectos metodológicos, da forma como os coaches são recrutados, da duração e da maneira como são conduzidos os processos de coaching e como são estabelecidos, ou não, os contratos de relacionamento entre os envolvidos.
Um aspecto, que nem sempre tem sido devidamente considerado, refere-se às diferenças culturais, muitas das quais poderão dificultar o processo de coaching, como também interferir na qualidade do relacionamento entre coach e coachee, coach e organização, bem como nos resultados obtidos.
Como lembra Otazo (2002, p. 345), “Coaching Executivo em qualquer contexto demanda que os coaches compreendam e considerem as perspectivas dos diferentes envolvidos (o executivo, superiores hierárquicos, subordinados diretos) e contribuam para que seus clientes compreendam, considerem e compatibilizem estas perspectivas”.
Tais diferenças de perspectiva não são incomuns mesmo quando o coaching acontece dentro de uma única cultura nacional, uma vez que coaches se defrontarão com pessoas cujas visões de mundo diferentes poderão afetar os relacionamentos, o processo de comunicação e os resultados do processo de coaching. A habilidade do coach em captar e entender os aspectos tanto de natureza pessoal como cultural do coachee é um fator chave do chamado coaching transcultural.
Rosinski, (2003) pioneiro nas investigações sobre a influência das diferenças culturais nos processos de coaching, enfatiza a importância do coach compreender e considerar estas diferenças e assim estar mais preparado para atender o coachee e suas demandas.
Como lembra Abott (2010, p. 325) “ele (Rosinski) convidou coaches , organizações e clientes individuais a considerarem a cultura como uma vantagem e não um obstáculo. ......A originalidade da sua contribuição foi a de colocar a cultura como uma influência chave na efetividade do coaching”
Para Abott (2010, p. 327), “qualquer tipo de trabalho de coaching abordará, implícita ou explicitamente, as várias influências culturais envolvidas (equipe, família, comunidade, etc.).....Uma visão holística, integracionista e situacional de coaching sugere que a cultura está intimamente relacionada com influências cognitivas, emocionais, comportamentais e outras”.
Ressalta, no entanto, que certas dificuldades poderão surgir quando:
# O coach, por interesse pessoal, mantem seu foco na cultura , quando outras questões ou variáveis necessitam sua atenção.
# O cliente/organização desconsidera o papel do fator cultura e opta por uma intervenção culturalmente inadequada.
# O coach não tem o preparo adequado para lidar com questões de ordem cultural.
Por outro lado, afirma Peterson, (2007, p. 262), “apesar das normas culturais, um indivíduo da Alemanha, México ou Japão poderá ser pontual ou cronicamente impontual, extrovertido ou reservado, organizado ou desorganizado.”
Tal constatação não diminui a importância de compreender como a cultura atua e identificar determinadas crenças, valores, normas que modelam o comportamento das pessoas, de suas ações e reações.
Peterson (2007) lembra também a importância de considerar aspectos relacionados com a singularidade de cada coachee e o quanto a percepção das diferenças culturais podem agregar/beneficiar os processos de coaching. Dentre estes citamos: