2021. Verão. Jogos Olímpicos de Tóquio, um espetáculo do nosso mundo, com histórias de trabalho e de talento, de alegria e de desapontamento, com histórias sobre as ultrapassagens dos limites do ser humano.
Na manhã do dia 25 de julho, na prova feminina olímpica do ciclismo de estrada, não se anunciavam surpresas. As favoritas faziam planos e sonhavam com a medalha olímpica de ouro, pensando como enfrentar, da melhor maneira, o calor sufocante do verão japonês.
Porém, naquele dia, estava por ser escrita mais uma página memorável na história milenar dos jogos. Uma quase “desconhecida”, a ciclista austríaca Anna Kiesenhofer, doutora em matemática e sem contrato profissional desde 2017, ia ganhar a corrida de uma maneira categórica, registando a maior diferença de tempo da história da prova. A ciclista austríaca foi uma das cinco ciclistas que dispararam na frente do resto do pelotão desde o início. Quando faltava 40 quilómetros, conseguiu deixar as adversárias para trás e... ganhou! Uma vitória soberba e surpreendente, resultado de um esforço sobre-humano e da confiança na sua própria chance.
"Eu estava apenas tentando atingir a linha de chegada. Minhas pernas estavam completamente exaustas", disse Anna. "Eu nunca me cansei assim em toda a minha vida. Eu mal conseguia pedalar. Sentia como se tivesse zero de energia nas pernas. É tão incrível. Realmente sacrifiquei muito hoje. Não esperava acabar assim."
Mas, vocês perguntarão: o que nessa história tem a ver com o coaching de grupos? Peço-lhes mais um pouco de paciência, lá chegaremos em breve!
Antes disso, vamos olhar para um “pormenor” essencial. No ciclismo, um grupo tem um poder muito maior do que um ciclista só. Mas, este poder potencial concretiza-se só quando os membros do grupo conseguem trabalhar juntos, trocando de posições na frente do grupo. O problema é que os ciclistas na frente enfrentam uma maior resistência ao ar e gastam mais energia, uma energia que pode ser decisiva nos últimos metros da corrida. Aqueles imediatamente atrás dos primeiros ciclistas desfrutam de vantagens críticas e, numa prova individual, não há lugar para oferecer presentes. Com este “pormenor” em mente vamos voltar à nossa corrida.