O meu trabalho como coach iniciou, possivelmente, antes mesmo desse processo de diálogo ter sido batizado de “Coaching executivo” ou “Coaching profissional”. Em meados da década de 80, já ao dar os primeiros passos na área da Psicologia Organizacional, percebi que teria de me esforçar muito para consolidar carreira neste campo de atuação. A razão é que, à época, a psicologia e a psicanálise focalizavam a atenção tão somente nos indivíduos, na subjetividade visualizada a partir de dentro dos consultórios e hospitais. Enquanto isso, aqueles que se dedicavam a estudar a dinâmica do ser humano dentro do universo do trabalho eram vistos pelos próprios colegas com razoável ceticismo, certo desdém e críticas não faltavam.
Devemos lembrar que o Brasil acabava de escancarar as feridas da ditadura e quem quer que fosse se dedicar à psicologia organizacional e do trabalho imediatamente era associado às “elites dominantes”. Bem, devo dizer que ter o cenário contrário e crítico à minha escolha pela área da psicologia do trabalho foi muito mais instigante do que inibidor. Sempre houve em mim um gosto por rebeldia, o que, convenhamos, era meramente fruto daquela magnífica geração dos anos 70. Mas isto é outra história, então retomemos o curso desta.
No árduo começo da carreira, parecia a alguns que meu trabalho consistiria em atender às demandas dos empresários, e não ao que, verdadeiramente, mais me atraía, que era poder ajudar as pessoas a encontrar prazer e satisfação em sua lida diária, em suas atribuições ou cargos, fossem estes em níveis estratégicos ou operacionais. O que me interessava e ainda me estimula a prosseguir é, sobretudo, contribuir para a diminuição do sofrimento humano no trabalho. Felizmente, a persistência gera bons frutos e pude construir um bom caminho para outros colegas psicólogos também interessados neste campo.