Eu vi o chão sumir debaixo dos meus pés.
Perdi a direção.
Perdi o ânimo.
Perdi a confiança em mim mesma e nas pessoas.
Foram cinco anos de dor, de exaustão, de promessas mágicas de cura, de destruição da minha autoestima, de traumas e de lutos.
Luto por quem eu achava que era, luto pelo ambiente que me adoeceu, luto pela cultura que glorifica o excesso de trabalho e nos ilude com promessas vazias.
Luto pelos dez anos de uma carreira meteórica, onde eu ascendi e me esgotei, como uma supernova que explode e morre pelo calor do próprio brilho descontrolado que emite.
Em cinco anos, eu sofri dois episódios da síndrome de burnout que me afastaram do trabalho por mais de dois anos inteiros.
Eu literalmente trabalhei até não poder mais. E quando não pude, temi que a vida nunca mais tivesse graça, que eu nunca mais fosse me sentir útil de novo.
Mas eu estava errada.
E neste artigo, eu quero te dizer que há muita vida após a burnout.
Workaholic aos 25, colapsada aos 30: minha história com a síndrome de Burnout
Eu era uma criança muito certinha.
Adorava estudar. Dava uma enorme importância para as notas da escola, e terminei os estudos orgulhosa de nunca ter pegado uma recuperação. Sempre aceitei solenemente autoridades e ordens, sempre obedecendo, sempre baixando a cabeça, sempre dizendo sim, senhor.
Aos 19 anos, entrei na empresa onde passaria quase 10 anos, iria de estagiária a sócia diretora, me tornaria responsável por uma operação inteira, e desabaria com toda a força do mundo.
Ali, aprendi que estar sempre ocupado era sinal de importância.
Aprendi a não reclamar de clientes ou colegas que me ofendessem ou me assediassem.
Aprendi que quem tinha poder, tinha razão.