Aconteceu semana passada, em uma aula que ministrei. A pedido do grupo, analisávamos o glossário da Teoria U, uma metodologia de transformação pessoal e social. Chegamos à palavra INCORPORAR (embodyment, no original), que se refere ao fim do movimento do U, quando a inovação efetivamente ocupam seu lugar no Mundo. Por que a escolha da palavra nesse caso? Porque a aprendizagem não se dá somente através do cérebro, mas de todo o aparato neurofisiológico humano, ou seja, o processo só termina quando a nova ação está “adicionada” ao corpo.
Otto Scharmer, autor da Teoria U, referencia o pesquisador Francisco Varela, que os estudos sobre conhecimento. Ele provou que a cognição depende das experiências registradas através das várias capacidades sensório-motoras do corpo que recebem influências de um contexto biológico, psicológico e cultural mais amplo.
Em seu livro The Embodied Mind (A mente incorporada), Varela revela que a aprendizagem não seria possível sem a ação em nenhuma circunstância. Além disso, ele afirma, na mesma obra, que aprendizes diferentes em contato com a mesma situação aprendem de maneira diferente, a partir de sua estrutura interna e individual. Finalmente, a aprendizagem se dá através da ação incorporada. O Coaching Ontológico reconhece esses achados científicos e os agrega também.
Assim chegamos à sexta competência do modelo publicado pela Associação Argentina de Coaching Ontológico Profissional (AACOP): “Valoração e gestão corporal”, a última do âmbito de integração e gestão ontológica. Corpo, emoção e linguagem compreendem os domínios humanos primários a partir dos quais a aprendizagem ontológica ocorre, sendo, portanto, pilares do trabalho de um coach ontológico profissional. Nos constituímos a partir da coerência estabelecida entre esses três domínios e, quando modificamos algo em um deles, os demais são afetados e igualmente transformados.