Me convidaram para escrever algo sobre comunicação autêntica e logo pensei: “o que vou escrever”? “Será que consigo no tempo proposto”? “Será que digo que não vou poder”? “Não vou aceitar.” “Estou cheio de coisas para fazer.” Na realidade fiquei feliz por ter sido convidado, mas ao mesmo tempo angustiado por mais uma tarefa.
E começo meu texto expondo isto não por acaso, mas porque isso descreve um processo e um tipo de comunicação, um tipo de ação reflexiva que antecede uma ação direta.
Segundo a ontologia da linguagem (Echeverria – 2003) todo e qualquer processo de comunicação é um ato linguístico e uma ação, pois a linguagem é ação, e sendo assim, não existe formas de linguagear de forma passiva. A ação reflexiva é o processo de pensamento, uma ação que antecede (ou não) a ação direta, que podemos entender como uma expressão no mundo.
No momento em que me foi feito o convite para escrever um texto e entregá-lo fui convidado para executar uma ação direta e isso despertou em mim uma ação reflexiva na qual estabeleci um diálogo interno para dar uma resposta a quem me convidou, e para dar a resposta positiva tive que avançar nas ações reflexivas e achar meios para aceitar: “Vai ser interessante escrever sobre o tema.” “Tenho o que falar sobre”. “Vai ser divertido.” “Vou escrever.” Nesta ação reflexiva, do início até aceitar, fiz um movimento de afirmar algumas coisas diante dos meus sentimentos para não aceitar e fui desenvolvendo até decidir aceitar com uma declaração: “Aceito o convite, vou escrever esse texto!”