Com as máscaras necessárias a cobrir nossas faces, com tanto isolamento que nos afasta do contato físico e dificulta a leitura da corporalidade, como fazer a linguagem ajudar, com excelência, outros humanos?
Seria o próprio afastamento social mais uma metafórica máscara para a evitação de uma comunicação autêntica?
A comunicação humana tornou-se ainda mais complexa durante a pandemia pela não-presencialidade vigente. Apesar disso é fundamental termos contatos autênticos e criarmos pontes entre nossas subjetividades para atuarmos como profissionais em desenvolvimento humano, fomentadores de transformação e de processos de aprendizagem.
Lidar, portanto, com o "não ver de perto” e o "não tocar” afasta-nos de algo ancestral nas interações humanas: a proximidade que gera intimidade.
Estejamos no papel de amigos a trocar informações sobre nossas vidas, ou sejamos profissionais com clientes em relações de ajuda, ou líderes com seus times no âmbito do trabalho, ou pares em interação romântica, nos acostumamos à ideia de ter proximidade física em contato mais pleno, para poder fazer acontecer de forma efetiva o circuito dinâmico de feedback da comunicação.
Encastelar-se, por exemplo, exclusivamente na comunicação escrita ou na conversa por meios tecnológicos, era visto como uma forma de proteção e de não-intimidade. Trocar apenas mensagens de áudio ou de texto, e-mails e coisas tais, parecia um processo de distanciamento que gerava gaps de engajamento. Conferências on-line seriam a opção menos desejada por retirar de nós a força expressiva humana que ocorreria mais fortemente no presencial. Atendimentos à distância eram alternativa menos interessante para os trabalhos de terapia, coaching, mentoring e aconselhamento, e somente aconteciam quando o olho-no-olho num espaço físico compartilhado não era possível.
Não é algo muito fácil termos qualidade em comunicação, lidando com o fato de que esse distanciamento se tornou a única opção, e que essas conversas tecnológicas são “o que tem pra hoje” e, talvez, para os próximos meses ou anos, a depender da gestão da pandemia que ocorrer em nosso país.