Nunca se falou tanto sobre autenticidade. Sua aplicação em nosso cotidiano tem sido estimulada por meio de imperativos que se fazem presentes em frases como “seja você mesmo”, “solte a sua voz” ou até mesmo “viva a sua verdade”. Embora esse movimento seja legítimo e tenha como plano de fundo encorajar a formação de pessoas livres de padrões impostos e a construção de uma expressividade singular, quando somado a um contexto de aceleração da vida e a uma escuta fragilizada de si e do outro, ele se torna um movimento questionável. Na ansiosa busca por autenticidade há quem se perca seguindo “gurus” que embasam suas promessas de resultado em fórmulas prontas e métodos “infalíveis”. O que antes seria um convite para se libertar de padrões, se torna apenas uma proposta de adequação a um novo molde. Neste processo, infelizmente, o ser humano e todo o seu potencial criativo perdem força e acabam operando na esfera da artificialidade.
O uso da internet como alternativa para se fazer comunicação (indispensável nos dias de hoje), vem abrindo diversas possibilidades de exploração das mídias sociais na criação de posicionamento para marcas, empreendedores e idealizadores que se interessem em lançar ou consolidar o seu projeto, negócio ou causa dentro do universo online. É neste universo e na construção deste tipo de comunicação que o conceito de autenticidade tem exercido uma certa pressão pela conquista de atenção em uma corrida silenciosa e numérica por seguidores e para se tornar, a todo custo, bem-visto aos “olhos” dos algoritmos da vez. Um dos maiores riscos da distorção daquilo que é uma comunicação autêntica, é que a cobrança por desempenho que já nos adoecia muito antes disso tudo, tende a nos fazer cada vez mais reféns de um ideal que descarta a nossa humanidade e todos os acontecimentos que nos cercam nesse exato momento. E como falar de comunicação autêntica sem falar dessa humanidade? Como ignorar a nossa vulnerabilidade e abrir mão do que nos faz vivos e “conectáveis”? A serviço de que estamos negociando um viver consciente para nos condicionarmos ao que “manda” os algoritmos? Estas são questões relevantes e que fomentam uma reflexão válida não apenas ao mundo dos negócios e do empreendedorismo, mas também sobre quem temos sido e que tipo de vida temos nutrido dentro e fora das plataformas digitais.