Nunca fomos tão desafiados a gerenciar crises como no cenário atual.
A pandemia causada pela COVID-19 trouxe um enorme desafio global, onde vida e morte estavam e ainda estão no centro das decisões mundiais. Dilemas de ordem política, econômica e ideológica tornaram-se evidentes, e crises diplomáticas surgem na corrida pelas respostas e soluções de enfrentamento.
No campo mais prático do cotidiano das pessoas, a pandemia também apresentou outros desafios, alguns deles inéditos. A maioria de nós, por exemplo, não havia experimentado levar toda vida profissional para dentro do lar. Estamos tendo que conciliar no mesmo ambiente físico, momentos que envolvem decisões sérias de negócio e momentos que demandam atendimento às necessidades familiares que, muitas vezes, estão no mesmo cômodo de uma casa.
Seja em grandes decisões governamentais ou nas decisões profissionais e familiares que estamos tendo que administrar durante esse período, o fato é que inteligência emocional é um elemento chave para a construção, negociação e implementação de soluções numa crise.
Quando falamos em crise, são várias as dimensões em que ela pode se manifestar. Ela pode ocorrer na vida privada, na esfera dos Governos ou nos ambientes corporativos.
Mas nesse artigo, vou privilegiar a dimensão das crises enfrentadas nas organizações porque é nesse espaço que está concentrada toda minha experiência profissional com o tema. Durante mais de 15 anos da minha carreira, numa grande empresa de comunicação do Brasil, gerenciei inúmeras crises e algumas bem complexas.
A intenção é compartilhar percepções e recomendações sobre gerenciamento de crise, de forma que fique evidente as principais etapas e o quanto investir em inteligência emocional é fundamental para atingir o desempenho e resultados esperados.
Antes de iniciarmos, entendo como sendo fundamental definir o conceito de crise que iremos tratar. Apresento uma definição que converge com a minha percepção prática no gerenciamento do tema.
Ela é de Richard Luecke, autor do livro “Gerenciando a Crise” que foi publicado pela Harvard Business Essentials. Luecke explica que crise é uma mudança – repentina ou gradual – que resulta em um problema urgente que deve ser resolvido imediatamente ou pelo menos as primeiras providências devem ser tomadas para conter, minimizar ou parar o fato que esteja causando a crise.