Ao me sentar para escrever este artigo, quase não consegui. Uma tensão e senso de urgência vem permeando minhas últimas semanas de maneira intensa, e mesmo me dando conta da origem racional e emocional, ainda sou pega de surpresa pela dor nas costas e cabeça no final do dia.
Adaptar-se a este “novo normal” vem sendo desafiador em muitas camadas, de formas conscientes e não conscientes. Para algumas situações venho conseguindo me adaptar tecnicamente, desenvolvendo habilidades para usar a mecânica das plataformas para reuniões e atendimentos, apps de agendamentos online, pedir entrega dos restaurantes que antes não possuíam. Para outras tantas, é impossível simplesmente “traduzir” a existência presencial para o virtual, e uma mudança adaptativa se faz necessária para viver esta nova realidade.
Kegan e Lahey trazem o conceito de mudança adaptativa como sendo a transformação em um nível profundo de crenças e valores, para então criar condições de desenvolver e/ou usar as habilidades técnicas que irão gerar novos comportamentos e resultados. E é aqui que entra a imunidade à mudança. (A pirâmide dos níveis lógicos de Robert Dilts e Todd Epstein trazem uma boa ilustração das camadas onde cada mudança ocorre).
Este ano em particular, apesar da pandemia, vem sendo um período de crescimento profissional intenso para mim, onde venho colhendo bons resultados, recebendo reconhecimento de clientes e colegas, e expandindo minha rede global.
Além de trabalhar com o desenvolvimento humano, sinto orgulho em estar sempre buscando também me desenvolver através de muitas formações, experimentações, e trocas com outras pessoas. Portanto, como eu, tão “trabalhada” e com tanto a agradecer, posso estar “emburacando” desta forma, e à essa altura do campeonato (lembrando que já temos 7 meses de pandemia até aqui)?
Com este conflito em mente e coração, questionei minha habilidade em contribuir com este grupo que tanto admiro, nesta revista conceituada e referência no nosso mercado. Foi assim então, divagando na minha própria vulnerabilidade, que me ocorreu que talvez a melhor forma de colaborar com todos vocês neste momento, seja colocar luz na minha própria sombra, através da lente da Imunidade à Mudança, que tanto vem contribuindo com meu crescimento nestes últimos cinco anos. O mergulho que trago a seguir vai de encontro ao eco que venho recebendo em muitos grupos de coaches, onde apesar de cada um trabalhar sua imunidade, há um fio condutor de dificuldade em lidar com o sucesso profissional. Como diz Marianne Williamson, em “A Return to Love” (1992): “Nosso maior medo não é sermos inadequados. Nosso maior medo é não saber que nós somos poderosos, além do que podemos imaginar. É a nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta. Nós nos perguntamos: ‘Quem sou eu para ser brilhante, lindo, talentoso, fabuloso?’. Na verdade, quem é você para não ser?”