Quando uma pessoa diz que é um atleta, está apenas identificando sua prática esportiva ou sua profissão, mas não necessariamente podemos concluir que se trate de um excelente atleta. Para tanto, ela deve possuir e praticar certas qualificações físicas, emocionais, culturais e, sobretudo, de performance: que resultados tem obtido como atleta?
O mesmo raciocínio pode ser aplicado a gestores, a um diretor de empresa, por exemplo: ele conduz sua equipe a resultados positivos? Agrega valor ao negócio? Identifica e desenvolve líderes? Toma decisões criteriosas, isentas de posicionamentos pessoais? Está antenado com os novos conhecimentos e tecnologias que possam contribuir para a evolução do negócio? Respeita seus colaboradores? Conheci um que, entre perdigotos, gritava com seus gerentes, enquanto esmurrava a mesa.
Essas reflexões são aplicáveis a todas as demais categorias que identificam um perfil ou exercício pessoal ou profissional. O título da ocupação do indivíduo serve de identificação ou classificação da sua prática, mas não da qualidade do seu desempenho, da sua essência.
Tive um colega que se gabava de ser compassivo, que dizia sofrer muito diante das dificuldades e dores alheias divulgadas diariamente pela mídia. Depois descobri que se tratava daquilo que eu chamo de “solidariedade inoperante”. Ou seja, a pessoa sofre à distância, nada faz de prático e concreto para ajudar aqueles, alvo de sua compaixão. Assim, essa compassividade é absolutamente improdutiva, não possuí as qualidades necessárias. Diante da Tv ou lendo um jornal, revista ou site de notícias, ele se limitava a ficar murmurando: “Puxa vida, que pena... Coitados... Isso não deveria estar acontecendo... Essas coisas me fazem sofrer...”. Muitas vezes até se emocionava de verdade, mas não levantava do confortável sofá para iniciar uma ação.
Situações como a descrita, cresceram sobremaneira nesta época de pandemia, durante a qual a solidariedade se faz especialmente necessária – desde que não seja inoperante.
Bons sentimentos e intenções são mais do que louváveis, mas precisam ser materializados através de ações e atitudes. Caso contrário, como se diz a respeito de certos projetos políticos, “não saem do papel”.