Num mundo onde tudo acontece ao mesmo tempo agora, de forma exponencial em uma realidade complexa, incerta e ambígua, como lidar com desafios que emergem?
Héstia é uma deusa grega que nos convida a encontrar a resposta dentro de nós mesmos, em nossa essência. Filha de Cronos (deus do tempo) e de Reia, (a grande mãe), é representada por uma lareira redonda, presente em todos os lares, onde as pessoas se sentavam ao redor para conviverem e conversarem. Era considerada o centro da casa e simbolizava o aconchego do lar, a proteção, o refúgio.
Confesso que algumas vezes no dia-a-dia me via presa à lista de tarefas que precisava cumprir, mas que nem sempre estavam coerentes com quem eu era ou que eram prioridades para mim. Me sentia atribulada pelas obrigações, sem abrir espaço para o que realmente me nutria. E é aí que a Héstia entrou em ação: qual a minha chama sagrada? Quais os valores mais essenciais para mim? Os meus valores estavam guiando minhas decisões?
Essas inquietações me inspiraram a fundar a Rede Héstia, com o intuito de proporcionar esse espaço de “descanso” para que as mulheres pudessem despir-se de seus papéis: de mães, executivas, empreendedoras, parceiras, esposas, amigas, filhas. Um lugar onde cada uma pudesse se reconectar e revelar sua essência, sem medo de se julgar ou ser julgada.
A comunidade foi criada inicialmente no Facebook com amigas que se identificaram com a causa. A partir daí, essas foram indicando e adicionando outras, em um movimento orgânico e fluido de pessoas com os mesmos interesses e afinidades. Muitas passaram a escrever depoimentos e conteúdos e a dividirem suas perspectivas, sempre de forma construtiva e respeitosa.
Com o vínculo criado virtualmente, tivemos demanda para termos encontros presenciais. No primeiro evento reencontrei mulheres que eu não via há muito tempo, ligadas a mim apenas nas redes sociais. Para nos desvincularmos dos crachás e cartões de visita (tão comuns numa sociedade que valoriza mais o fazer do que o ser), sugeri que nos apresentássemos pela carta tirada no “Oráculo das Deusas”, que dispus no centro da nossa roda de conversa. Nesse momento abrimos a porta para entrarmos nas histórias mais profundas de cada uma, com vulnerabilidade e empatia.