Há um roteiro clássico que a maioria de nós, profissionais do desenvolvimento de pessoas, estamos bem familiarizados: uma crise importante se instala na vida de uma pessoa (pode ser uma demissão, uma crise de stress, uma desilusão afetiva, uma inquietação interna, uma doença) em que a antiga visão de mundo é estilhaçada, engatilhando uma jornada iniciática. Essa pessoa torna-se um "buscador" atrás de respostas internas e externas que a ajudem a entender essa nova realidade até então desconhecida. É uma época dominada pela curiosidade em que muitos livros são lidos, cursos, retiros e sabáticos são realizados, terapias e coachings são feitos. É um período muito rico, mas difícil: algumas coisas vão perdendo o sentido enquanto outras vão ganhando, é sobretudo um tempo de desapego e incertezas.
Na minha vida aconteceu ao final do período universitário, época em que eu deveria estar focado em minha carreira, mas minha atenção foi em outro sentido, para dentro (filosofia, sabedoria oriental e espiritualidade) e para a o mundo (visão sistêmica, complexidade, ecologia).
Aquilo tudo era empolgante, mas havia muita confusão, era difícil encontrar uma coerência que unificasse a minha visão de mundo. Ela havia se tornado uma colcha de retalhos, e por isso, um tanto disfuncional.
E então conheci a Teoria Integral.
O nome de Ken Wilber já estava no meu radar há tempos, mas somente quando lançou "Uma Teoria de Tudo" (Cultrix Pensamento, 2003) que eu comecei a estudar suas ideias.
A Teoria Integral veio para organizar a mobília nos cômodos da minha mente. Ela colocou aquela bagunça num todo integrado e coerente (mas nem por isso menos complexo ou diverso). Cada conceito foi para o espaço certo, onde poderia funcionar no melhor da sua capacidade e papel. Com ela comecei a ressignificar sentidos, dissipar contradições, rever antigos preconceitos com algumas ideias que eram vistos por ângulos equivocados.
Sendo ela uma metateoria (uma teoria sobre teorias...), permitiu que eu desenvolvesse recursos para lidar com os mais diversos aspectos da minha vida: mundo interior, relacionamentos, criatividade, cidadania, trabalho, paternidade, etc.