Em tempos de transição, faz-se urgente rever os modelos de relação com o mundo, com as pessoas e consigo mesmo. Por isso, é preciso reconsiderar um formato linear de pensamento e privilegiar abordagens mais sistêmicas e abrangentes para lidar com situações rotineiras, o que também se aplica à gestão de conflitos nas organizações. Além de constituírem parte inerente à experiência humana, os conflitos são fator fundamental ao crescimento, sem os quais restaria, com sorte, a estagnação.
A transformação dos conflitos em oportunidades demanda uma condução positiva, com coragem, inteligência, vontade e proatividade. Por outro lado, o enfrentamento negativo, competitivo e predatório pode levar ao escalonamento dos conflitos, chegando ao extremo da violência com tendência a causar prejuízos irreversíveis às relações interpessoais e às organizações.
Os colaboradores precisam ser capacitados e orientados para não permitir também, que as desavenças nas relações atinjam um patamar de acomodação e omissão, que suprima a renovação da sua realidade. Nesse sentido, é essencial que as organizações se recusem a instalar o medo do conflito, investindo corajosamente em uma transcendência positiva que sirva de ponte para os objetivos das pessoas e da própria organização.
Este aspecto transformador é destacado por Willian Ury, cofundador do Programa de Negociação de Harvard sobre aqueles que lideram entre conflitos: a liderança requer um novo conjunto de habilidades, “conviver com as diferenças, ouvir ponto de vista opostos, promover o diálogo construtivo e buscar pacientemente o consenso entre várias partes divergentes. Estas são atribuições bastante complexas. E a liderança entre conflitos é exatamente o que o mundo precisa agora”
Frequentemente, observa-se que situações de conflito são percebidas pelas empresas como um desvio ou patologia, de modo que a demanda recorrente envolve extirpá-lo. Este pedido nos é feito frequentemente. Acabar com os conflitos!
Ora, sabemos que os conflitos são parte intrínseca da vida. Que eles são, na verdade, a febre, o sintoma, que nos conta sobre algo maior que acontece nos seus subterrâneos e para o qual, talvez, devêssemos olhar com curiosidade e interesse, exatamente para compreender onde pode nos levar.