Para refletir sobre a atuação do profissional de coaching com grupos, vale lembrar que a palavra coach, no séc. XIX, era usada por estudantes da Universidade de Oxford para se referir aos professores que tutelavam os alunos com foco em seu desempenho acadêmico. Pouco depois, o termo foi usado para se referir a técnicos que orientavam equipes esportivas. Assim, a prática do coaching já nasce no trabalho com grupos com foco em alcançar resultados por meio do desenvolvimento educacional e técnico de pessoas e equipes.
Acredito que a bagagem semântica que a palavra coaching carrega (primeiro, carruagem, depois, tutor e treinador) já indica algumas distinções em relação a outras formas de atuação com grupos, como mediação, gestão de pessoas e também a de instrutores, professores e psicoterapeutas. Digo distinções sem ter a intenção de classificar cada especialidade, pois entendo que as metodologias de trabalho com grupos se aproximam e se distanciam de acordo com o foco: sobre o ser humano, sobre o resultado e sobre o processo de desenvolvimento. É importante ressaltar que aqui me refiro aos pequenos grupos e aos trabalhos de desenvolvimento pessoal, profissional e de equipes, não levando em conta trabalhos com grandes grupos, que são objeto de pesquisa da antropologia, sociologia e etnografia.
Com “pequeno grupo” refiro-me a um sistema de pessoas que reconhecem sua singularidade e a coletividade, onde há interação, influência recíproca e objetivo compartilhado entre elas. De acordo com Pichon, grupo é:
Todo conjunto de pessoas ligadas entre si por constantes de tempo e espaço, e articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe explícita ou implicitamente uma tarefa que constitui sua finalidade. Podemos dizer então que estrutura, função, coesão e finalidade, juntamente com o número determinado de integrantes, configuram a situação grupal que tem seu modelo natural no grupo familiar. (Pichon-Rivière apud Saidon, 1986, p. 184).
Nesse sentido, conduzo meu olhar para grupos pela definição de grupo operativo, o qual reúne pessoas em torno de uma tarefa, cuja natureza vai caracterizar o tipo de grupo trabalhado e influenciar na dinâmica entre os integrantes. Entre as tarefas, podemos ter: aprendizado, desenvolvimento de competências e habilidades, diagnóstico de problemas, criação de projeto, cura, espiritualidade, entre outras – o coach geralmente atua com os quatro primeiros tipos de tarefa.
Acredito que é neste ponto que o coach de grupos começa seu trabalho: quando reconhece o grupo a ser trabalhado, o que se espera de seu trabalho (seja pelo contratante, pelo sponsor do projeto, pelo líder ou pelo próprio grupo, dependendo das relações que ali se estabelecem) e o tipo de tarefa a ser promovido com a metodologia de coaching a que o profissional se filia. É compreendendo estes três elementos iniciais (o grupo, as expectativas, o objetivo macro do trabalho) que o coach de grupos vai facilitar o grupo a encontrar/criar um objetivo compartilhado.
Coaching no trabalho com grupos