Trabalhar com a coordenação de processos grupais requer um olhar atento do profissional que assume este papel, em relação as singularidades que constituem o coletivo e por sua vez, dos indivíduos que o compõe. A complexidade e incerteza que residem no ser humano que é “simultaneamente social, físico, biológico, cultural, psíquico e espiritual” (MORIN, 1998, p.138) também se refletem quando este integra e interage com o campo grupal. Sendo essencialmente importante à coordenação, compreender que os indivíduos que constituem um grupo ainda que haja um objetivo comum, assumem condutas a partir dos seus sentimentos, necessidades e podem estabelecer diferentes acordos por meio das múltiplas interações entre si.
Para que possamos criar uma definição comum que nos ajude a seguir nesta leitura, assumo que trabalhar “para o grupo” configura uma atuação menos autônoma dos indivíduos que o constituem, na qual estes assumem por conta própria ou por coerção, um lugar exclusivo de receptor de informação. No sutil ajuste semântico para que se trabalhe “com o grupo”, habita a intenção da coordenação em promover um grupo que pode ser conduzido por alguém, mas constrói as suas próprias teorias, normas, regras de existência e o resultado gerado a partir delas.
“O que vai caracterizar um processo de singularização (que, durante certa época, eu chamei de “experiência do grupo sujeito”) é que ele seja automodelador. Isto é, que ele capte os elementos da situação, que construa seus próprios tipos de referências práticas e teóricas, sem ficar nessa posição constante de dependência em relação ao poder global, a nível econômico, a nível do saber, a nível técnico, a nível das segregações, dos tipos de prestígio que são difundidos.” (GUATARRI & ROLNIK, 1996, p. 46)
Ambos formatos de atuação são válidos e aplicáveis a partir da intencionalidade da coordenação, porém neste nosso encontro textual trataremos das especificidades do último mencionado.