Sempre declaro aos meus alunos: o motivo que me levou a trabalhar e estudar processos grupais foi e ainda é a minha dificuldade em estar nos grupos.
Essa dificuldade me move em busca do entendimento dos fenômenos que acontecem e afetam o grupo, as pessoas do grupo e a mim.
Nestes anos que trabalho e atuo “para”, “com” e “nos” grupos, aprendi muitas coisas que só foram possíveis no vivenciar em grupo, um tipo de aprendizado que só acontece “junto”.
Com essa alquimia de afetos, entre desconfortos e aprendizados, descobri que o que mais gosto e desgosto em um grupo sou “eu”. Descobri que os grupos são laboratórios de aprendizagem, é onde podemos nos permitir ser ratos e cientistas em uma dança de papeis, é o lugar em que nos preparamos para atuar na vida que é social/grupal.
Dito isto, o título deste dossiê não poderia ser outro: “Aprender em grupo”. Espero que você se sinta um pouco provocado(a) com essa leitura e que esta possa te suscitar novas reflexões e aprendizados, pois foi preparada com muito carinho e dedicação dos autore(a)s.
Agradeço a todo(a)s autore(a)s que toparam compartilhar suas experiências e aprendizados compondo essa jornada que se inicia com um texto meu, trazendo alguns elementos e reflexões sobre o termo “inteligência coletiva” seguido por... Káritas Ribas, uma de minhas mestras, parceira de trabalho e grande amiga que apresenta em seu texto a importância de nos debruçarmos sobre os processos da aprendizagem nos tempos em que vivemos.
Alessandro Campos, meu camarada e irmão de várias jornadas, fala de seu primoroso trabalho “homem a homem” que discute masculinidades.
Giselle dos Anjos, mulher incrível que nos traz uma síntese de seu trabalho e ativismo com o texto “Diversidade se aprende em grupo”, uma discussão sobre equidade racial e de gênero que é fundamental para qualquer outra discussão.
Mateus Fernandes, meu provocador favorito, que com sua generosidade intelectual aceitou descrever em poucas palavras uma experiência grupal tão intensa e rica com os índios do Mato Grosso.
Daniel Pinheiro, homem doce e talentoso, escreveu um texto consistente que em sua centralidade reflete sobre a diferença do trabalho “com” e “para” grupos.
Fechando a revista, Carolina Messias, a feiticeira das palavras nos acena com o derradeiro e belo texto falando sobre o Coaching Grupal e as distinções em relação a outras práticas.
Enfim, este dossiê apresenta profissionais de experiências grupais impares, trazendo reflexões que se esquivam dos lugares comuns para ocuparem territórios não convencionais e de potência.
Agradeço especialmente a oportunidade de coordenar está edição ao editor chefe, Luciano Lannes e a amiga Káritas por fazer esta ponte.
Espero que gostem e aproveitem!
Um abraço,
Artigo publicado em 23/05/2019