“Ser ético, entendemos, é estar consciente de que certos comportamentos, valores e posturas poderão ser aceitáveis ou inaceitáveis num determinado contexto e que as opções de aderência a estes comportamentos, valores e posturas são basicamente uma responsabilidade individual”.
(Rosa Krausz)
Neste dossiê tenho a honra da companhia de profissionais espetaculares e cada um tem a oportunidade de se aprofundar neste tema tão basilar para o futuro do Coaching Executivo. Eu desejo, neste meu artigo, levantar alguns pontos sobre a prática em reflexões que não encerram verdades absolutas, mas que contam histórias reais, nas quais muitos dos leitores poderão se identificar e promover pelo menos uma dúvida exploratória de suas práticas. Minha intenção é que possamos nos unir para elevar a imagem do Coaching Executivo ao patamar que ele merece.
O respeito a parâmetros éticos no exercício da atividade do coach executivo pode impactar não apenas na qualidade do trabalho e dos resultados obtidos, mas também na própria reputação deste profissional. E, certamente, ajuda a deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo, livre dos conflitos internos decorrentes de comportamentos que contrariam nossos valores.
Dra. Rosa Krausz (2011) define ética como “um conjunto de valores através do qual indivíduos e grupos estabelecem e atualizam formas de comportamento e atuação baseada em modelos e conceitos sancionados num determinado contexto sócio cultural”. Ou seja, não obstante existam valores éticos comuns entre diversos contextos sociais, alguns critérios são desenvolvidos em grupos específicos e passam a ser utilizados como regra naquela realidade. No âmbito do coaching executivo, não é diferente.
Para compreender melhor os dilemas éticos que podem ocorrer nesta área, precisamos observar seus atores. Na introdução de sua tese de Doutorado, a coach Ana Pliopas ponderou:
"Coaching é empregado por organizações para propiciar desenvolvimento a executivos, desde a década de oitenta, e seu uso aumenta desde então. A despeito da vasta utilização em organizações, os poucos estudos sobre as relações que se estabelecem entre o coachee, o coach e a organização evidenciam a complexidade dessas relações, em que há agendas múltiplas de jogos de poder. Há, portanto, oportunidade para o aprofundamento do entendimento de relações triangulares e didáticas em coaching executivo."
A construção desses critérios éticos passa justamente pela complexidade desta relação triangular especificamente elaborada por esses três atores, com suas expectativas, papéis e responsabilidades distintas no processo.