A humanidade tem sido convidada a repensar valores, modelos e comportamentos em diferentes esferas - negócios, política, educação, economia, família, dentre outros - que não funcionam mais em um novo nível de consciência para o qual estamos evoluindo. Temos sido convidados a transformar a maneira como nos relacionamos com trabalho, dinheiro, resultados, prosperidade e, essencialmente, como nos relacionamos uns com os outros.
As crises políticas, econômicas, ambientais e sociais pelas quais o mundo passa, a intolerância - em níveis insustentáveis há muito tempo - ao que é diferente dos padrões individuais de visão de mundo e de crenças, a descartabilidade das vidas humanas e da natureza, são reflexo de uma desconexão profunda do homem consigo e com o outro.
Vivemos hoje no Brasil e no mundo um cenário em que os pilares da moral, da ética e do caráter estão ruídos pela ganância e exacerbação do poder. Governo e empresas unidos pelo poder sem amor, numa busca psicopata por mais poder, mais dinheiro, mais acúmulo.
Uma lente importante para compreender toda essa desconexão é a da nossa relação com trabalho, dinheiro e poder. A sociedade do trabalho, da produção, do capital, do desempenho e do consumo, nascida à época da revolução industrial, definiu fortemente a forma como vivemos a vida.
Domenico de Masi (Sociólogo do Trabalho na Universidade de Roma) traz em seu livro “O Futuro do Trabalho”:
“[…] a organização social não consegue acompanhar o progresso tecnológico: as máquinas mudam muito mais velozmente que os hábitos, as mentalidades e as normas.”
Vemos hoje ainda perpetuarem alguns elementos do modelo mental industrial: excesso de trabalho e pressão por resultados como forças diretivas; predominância do ego, do abuso de poder e da organização baseada em horas, segundo a qual a quantidade de horas em que se fica na empresa é mais importante que o resultado que se produz; hierarquia, burocracia, centralização, processos complexos para aprovações e deliberações cujo drive são as esferas de poder (a famosa canetada) em detrimento da eficiência.