A Comunicação Não Violenta (CNV) é uma pesquisa criada pelo psicólogo americano Dr. Marshall B. Rosenberg há mais de 60 anos. Desde então, essa abordagem tem sido usada em todo o mundo, em diferentes organizações e contextos, com o fim principal de apoiar a resolução de conflitos e a conexão entre as pessoas.
O nome vem de uma das muitas inspirações de Marshall, a não violência de Gandhi e seus princípios, que apoiaram seus discípulos em sua luta pela paz. Esses princípios usados por Gandhi são a inspiração-base da CNV e criam a consciência necessária para abraçarmos as práticas no dia a dia. A conexão com os princípios de não violência são um primeiro grande passo para internalizar a abordagem.
O maior princípio, em sânscrito é o Ahimsa. A palavra deriva do radical hiṃs, "bater, golpear" e hiṃsa significa "dano"; a-hiṃsa significa o oposto, isto é, "ausência de dano", "não violência". Como disse Marshall, “é nosso estado compassivo quando a não violência houver se afastado de nosso coração”.
Desse princípio, derivam-se outros. Gandhi brincou com as palavras juntando-as e criando novos princípios. Um deles é Sarvodaya - o radical Sarva significa “todos” e Udaya significa “bem comum”: seria a busca pelo bem-estar de todos. Ou seja, todas as ações são tomadas com o propósito de contribuir voluntariamente para o bem-estar dos outros e de nós mesmos. Alinhada a esse princípio, a CNV entende que nossa natureza deseja servir e enriquecer a vida uns dos outros.
A violência surge, então, pela maneira como fomos educados, que nos desconecta da nossa natureza compassiva, por usar uma linguagem que desumaniza as pessoas e as torna objetos e rótulos. Usamos palavras estáticas como certa, errada, boas, más, egoístas, altruístas.
A CNV foca em estarmos mais perto dessa natureza compassiva e em transformarmos essa linguagem por meio de uma integração na comunicação, relembrando como podemos nos conectar e contribuir para o bem-estar uns dos outros. Por meio de uma linguagem dinâmica, abandonando uma linguagem que diagnostica e julga.
Se, por exemplo, considero o outro egoísta, coloco-o em uma caixinha e me afasto dele, pior, me afasto de mim mesmo, de uma oportunidade de aprender mais sobre mim. Agora, se penso que o outro é egoísta e me conecto com o que está embasando esse pensamento, como seria esse diálogo interno? Algo como: “Percebo que, quando o chamo de egoísta, penso o quanto ele me enganou, não foi sincero, não se importou, não me ajudou."