Há uma disputa política e muitas vezes ideológica pelas palavras e pelos discursos que, na maior parte do tempo, fica oculta.
Para entendermos melhor essa disputa, comecemos por analisar o que o sociólogo Pierre Bourdieu define como campo e habitus. O primeiro é o espaço de forças e de luta no qual agentes disputam poderes e capitais, sejam simbólicos ou específicos. Uma promoção, por exemplo, é um capital no campo corporativo, mesmo que ela não envolva diretamente um acréscimo financeiro, assim como uma titulação é um capital no campo acadêmico. Já o habitus refere-se ao conhecimento adquirido pelo indivíduo e pelo grupo - ou membros de um campo -, de maneira explícita ou implícita durante o tempo de exposição a um determinado campo. Portanto, somos capazes de distinguir um advogado de um jogador de futebol, mesmo que aquele não esteja em um fórum e este em um campo esportivo, pelo seu habitus, ou seja, sua atuação social, pela expressão estética e linguagem específica de cada um.
A estrutura do campo se compõe por dominantes, os que possuem o máximo de capital simbólico, e dominados, que padecem de sua falta ou escassez. Os integrantes desses polos opostos estão em constante luta por status dentro de seu campo de pertencimento. Dessa forma, nas disputas políticas pelos discursos, determinadas palavras não são capitalizadas e aceitas, assim como outras são impostas e repetidas à exaustão. Admitimos e validamos um discurso na medida em que reconhecemos e validamos o campo em que ele é empregado.