Em 2011 realizei um processo de Coaching que foi um dos mais importantes e mais difíceis que farei em toda a minha vida! Foi quando minha mãe, já idosa, começou a apresentar alguns problemas sérios de saúde.
A partir desse trágico momento, quando comecei a perceber que seria um caminho irreversível, curiosamente, a proximidade da morte nos uniu de forma mais profunda do que a vida já havia conseguido fazer!
Éramos unidos e mutuamente carinhosos... Mas, o que era trágico foi transformado em algo mágico!
É natural que o filho homem não tenha grande conhecimento sobre a vida de sua mãe quando ela ainda era criança, ou adolescente, ou solteira. Normalmente, é com a filha que essas etapas de vida são compartilhadas. São poucos os filhos que sabem algo sobre as “solteirices” de suas mães...
Sempre fui um bom filho, mas, me colocar como homem, como amigo, como confidente, neste processo, acrescentou muito em minha experiência como ser humano, como marido e como pai. É incrível como amor, carinho e atenção podem renovar as forças de alguém! Sabemos disso, mas viver essa situação foi algo realmente mágico!
E assim, vendo como isso a ajudava, comecei a construir um profundo e verdadeiro interesse em conhecer aquele ser humano, aquela mulher, suas características e pensamentos mais autênticos, sua verdadeira e individual experiência de vida.
Ao longo de nosso convívio familiar, sempre tivemos coisas para lembrar, rir e chorar, mas mesmo esses acontecimentos mais lembrados, em doces gargalhadas, nos frequentes encontros, festas e almoços familiares, ganharam novos significados. As situações cotidianas também, porque qualquer momento poderia ser o último.
Continuei me dedicando aos meus projetos, meus clientes, meus negócios, minha família, minha vida, mas havia algo diferente no ar. As minhas conversas com ela, nossos encontros e sessões de Coaching, só eram interrompidos quando ela era hospitalizada. Foram 12 internações em 11 meses! Lógico, precisei adaptar minha vida.
Mas, o que realmente mudou foi a minha postura em relação a ela, em relação à sua presença em minha vida, aos nossos momentos e, quase sem perceber, mudei a minha postura em relação à vida e às pessoas. Esta foi sua última grande contribuição como mãe. Ela, mais uma vez, me ajudou a crescer!
Resolvi me preparar melhor como ser humano e fui fazer outra formação em Coaching - Wellness & Health Coaching. Conheci vários Wellness Coaches e Health Coaches, americanos e europeus. Também conversei com alguns do Canadá.
Procurando leituras complementares, cheguei a artigos e trabalhos que foram muito valiosos. Conversei com alguns coaches espanhóis e me identifiquei com uma linha que apóia os fundamentos do Coaching na Teoria da Reminiscência de Platão e na Maiêutica de Sócrates.
Curioso observar que o termo grego “maieutike” significa: “a que se ocupa do parto”. Diz a história que Sócrates atribuiu o termo “maieutike” em homenagem à sua mãe, que era parteira. Sócrates postulava que “a verdade está no ser humano” e acreditava que “apoiar o ser humano a retirar a verdade de si mesmo e para si mesmo”, é frequentemente um parto realizado pelo próprio indivíduo. Para muitos coaches, aí está a verdadeira fundamentação filosófica e origem do Coaching, na Maiêutica de Sócrates! A maiêutica socrática era e é fundamentada no caminho da sabedoria e da verdade, e postula que esta verdade está no próprio indivíduo, tal e qual um parto, cada ser humano pode e deve retirar as suas verdades de si mesmo e, tal e qual um parto, fazer nascer um novo indivíduo!