“O humano se constitui no entrelaçamento do emocional com o racional.”
Humberto Maturana
Compreendemos as emoções como disposições corporais para a ação, e isso pode soar tão natural que se torna invisível no viver cotidiano. Da mesma forma como natureza/cultura foram contrapostos como um par dicotômico, emoção/razão também têm sido alvo esse dualismo hierarquizante, sendo a emoção desvalorizada na maior parte das vezes quando comparada à razão.
As emoções são anteriores à linguagem em nossa deriva histórica e é essa emocionalidade que nos pré-dispõe à ação. Somos seres animados, seres que se movem desde si, e os gatilhos desse mover são as emoções – cuja raiz da palavra vem do latim emovere, que nos remete à movimento - ou seja, o que nos acontece é consequência do que fazemos, de nosso movimento, de nossa conduta.
Nenhuma ação humana é possível sem que haja uma emoção que a estabeleça como tal e a torne possível como ato. Exatamente por isso, nos questionaremos pelo tipo de emoção que deu origem à linguagem, ou mais especificamente, ao linguajear enquanto ação humana recorrente. Habitamos na linguagem pois o que nos define como espécie é o modo de vida que adotamos, e sua configuração de relações coerentes com seu meio.