“...você pode levar um cavalo à beira do rio.
mas você é incapaz de fazê-lo beber água.“
(ditado caipira)
Falamos para influenciar alguém. E é tão simples formar frases que nem percebemos direito o que estamos fazendo. Entretanto, há uma coordenação sofisticada e mais ou menos consciente de músculos, regras gramaticais, vocabulário, ansiedade, respiração, ambiente e tradições culturais envolvidos. Essas coisas são tão unidas entre si que mal dá para separar quando queremos pensar em um aspecto isolado desse processo. Essa complexidade é uma riqueza infinita que nos permite expor, negociar e orientar necessidades e desejos, através da fala. É nesse contexto externo do processo de Coaching que o Coach deve sempre se esmerar para fazer da sua atuação pessoal e profissional uma arte afinada com aquilo que mais revela o seu interior, a sua fala.
Mas isso não é suficiente se o Coach quiser, de fato, fazer diferença na vida pessoal e profissional dos seus clientes, pois é nos aspectos internos, mais sutis, que se revela e amplia a complexidade que envolve a fala humana, e não no simples ato externo de falar. Rudolf Steiner afirma que em toda conversa sempre existirá a atuação das forças anímicas do Pensar, Sentir e Querer, atuando de forma simultânea e recíproca entre quem fala e quem ouve. Ele também alerta que nos tempos atuais, aquilo que pensamos não interessa a ninguém e o que queremos irrita o outro, a não ser que o outro tenha ou seja despertado para um interesse interior genuíno para o que o outro quer conversar. É claro que aqui não se trata de uma conversa corriqueira entre as pessoas no dia-a-dia. É essa essência envolvida na relação coach-cliente que queremos explorar neste artigo feito especialmente para o programa de formação de Coaches com base antropósofica da ADIGO Desenvolvimento.
O falar, o ouvir e outros diálogos presentes no processo de coaching
Além dessa complexidade ampliada por Steiner, sabemos também que quando o Coach e o Cliente estão frente a frente, temos entre eles não só dois, mas quatro diálogos! Temos o diálogo 1 (entre o coach e o cliente), o diálogo 2 (entre o cliente e o coach), o diálogo 3 (o diálogo interno que o cliente tem consigo mesmo) e o diálogo 4 (o diálogo interno do próprio coach).
Podemos ver também que no diálogo entre o coach e o cliente está envolvido um outro processo sutil que abrange o ato da fala e a atitude interna da escuta entre coach e cliente. Por exemplo, quando o coach faz uma pergunta ao cliente, simultaneamente o cliente já elabora no seu interior uma possível resposta ao que foi perguntado. Como essa atitude é inconsciente, constata-se que o cliente pode não ter ouvido a pergunta do coach em todos os seus significados. A resposta à pergunta, que é a expressão do diálogo interno do cliente, pode ser superficial ou no mínimo inconsciente. Na mesma medida, podemos dizer que ocorre o mesmo com o Coach imaturo ou não preparado para essas sutilezas que envolvem a comunicação humana.