Introdução
Quando fui convidada para escrever este artigo da série que tem como tema “empoderamento do coachee”, surgiu, de imediato, uma reflexão sobre o termo empoderamento.
Empoderamento tem sido usado de tantas maneiras, em tantas áreas, e não raras vezes trazendo até uma certa ideia de submetimento, no sentido de um que empodera e o outro que é empoderado, que me parecia um risco favorecer uma leitura nesta linha, principalmente, quando o que se tem como pano de fundo é o papel do coach no processo de coaching executivo e empresarial.
Fazendo uma busca, deparei com um artigo chamado: “Paulo Freire, o educador brasileiro autor do termo Empoderamento, em seu sentido transformador”([1]). Confesso minha surpresa e também a minha ignorância: não sabia que Paulo Freire havia tratado sobre este tema em algum momento de sua carreira. Fiquei entusiasmada em continuar, motivada, principalmente, pelo complemento “em seu sentido transformador”.
No Glossário Social de autoria de SCHIAVO e MOREIRA (2005 p. 59), havia uma referência e, de acordo com eles, o termo “empoderamento”, para Freire: “Implica, essencialmente, a obtenção de informações adequadas, um processo de reflexão e tomada de consciência quanto à sua condição atual, uma clara formulação das mudanças desejadas e da condição a ser construída. A estas variáveis, deve somar-se uma mudança de atitude que impulsione a pessoa, grupo ou instituição para a ação prática, metódica e sistemática, no sentido dos objetivos e metas traçadas, abandonando-se a antiga postura meramente reativa ou receptiva”.
Esta definição não só ajudou a afastar a sensação de submetimento, conforme dito acima, como ela parecia fazer referência ao próprio processo de Coaching. Agora já estava mais fácil escrever sobre este tema.
Mas, a partir de que viés, abordar o tema empoderamento? Poderia ser usando o conceito de Permissão da Análise Transacional, poderia ser pelo instrumento feedback, enfim, havia várias possibilidades.
Ainda buscando fundamentos, o texto sobre o recurso “empoderamento” apresentado por Krausz (2007, p. 100), trouxe mais uma questão. A última frase: “Faz-se necessário ressaltar que o coach só poderá utilizar-se eficazmente desse recurso (o empoderamento) se ele próprio tiver passado por esse processo”.
O processo a que se refere a autora, é o de transformar o modo de pensar e de agir, de sair da zona de conforto, de processar novas informações e de entender que as mudanças são desafios constantes da atualidade. Quem é capaz de empreender este movimento, a partir de um processo de coaching, sente-se empoderado e apto a “desenvolver uma visão de mundo e reconhecer a condição humana da interdependência.”. Analisando ambas considerações, de Krausz e de Freire, concluí que empoderamento é efeito, ou seja, uma condição consequente a um processo bem-sucedido de mudança.