Estamos vivendo tempos em que muitas pessoas pensam e creem que tudo em suas vidas pode ser resolvido com alguns encontros de coaching – desde problemas emocionais até a necessidade de perder aqueles quilos a mais. Na onda do aproveitamento da moda que envolve o tema, existem promessas de processos milagrosos de coaching para todos os propósitos, todos os gostos e todos os bolsos.
Em uma onda que acompanha a tendência humana de terceirizar as causas de suas lutas e frustrações e não se colocar no centro dos acontecimentos como responsável ativo de todo e qualquer coisa que lhe sucede, o coaching surge como a tábua de salvação para aqueles que desejam depositar em outro ser humano a esperança para a resolução rápida de muitas de suas questões e desafios pessoais.
Contudo, a verdade é que o coaching, assim como os outros métodos de apoio ao ser humano ao longo da sua jornada de vida, não faz milagre e depende cem por cento da escolha e da ação do coachee para obter o resultado pretendido. O assunto pouco importa. O que importa é a consciência do coachee acerca do fato de que toda e qualquer mudança conquistada depende única e exclusivamente dele ou dela. Verdade difícil de assimilar para muitas pessoas em tempos de cursos rápidos, aprendizados superficiais e promessas de soluções instantâneas.
Nesse sentido, em um verdadeiro processo de coaching, o coach não é aquele que mostra um cardápio de caminhos possíveis, sugere soluções para os problemas ou apresenta uma alternativa conclusiva para o outro ser. Em um processo consistente, o coach apoia o coachee ao longo do exercício de fazer suas próprias escolhas e assim gerar sua própria transformação.
E, em minha opinião, é aí que reside um dos principais desafios do processo: na maioria das vezes nós, as pessoas, não sabemos ao certo o que queremos. Não somos capazes de olhar para as nossas histórias de maneira realista e reconhecer nelas o que dói e precisa ser curado, e também o que traz orgulho e alegria, a fim de que se possa escolher prosseguir rumo a um novo objetivo ou meta. E é na recorrente incapacidade de saber o que queremos, que tendemos a terceirizar para um outro a responsabilidade de nos conduzir, consciente ou inconscientemente, a um novo lugar sem que tenhamos sido protagonistas da nossa escolha individual.