O cenário de coaching no Brasil está um tanto delicado.
O merchandising do IBC na novela “O Outro Lado do Paraíso” foi a gota d’água para que o Conselho Federal de Psicologia e tantas outras instituições e profissionais se posicionassem sobre os limites da prática de coaching. A novela mostrou uma advogada/coach recomendando sessões de coaching e hipnose para uma moça que sofreu abusos sexuais.
A partir desse episódio, apareceu uma enxurrada de críticas em relação à inserção de coaching na novela. Nada mais justo. Coaches não podem tratar traumas causados por abusos sexuais. Por mais que algum coach possa dizer que um cliente se curou de traumas através do coaching, nós precisamos entender que a formação não nos capacita para isso.
Mas não quero dedicar esse artigo para defender a ideia de que coaches não devem tratar de abusos sexuais. Acho que outros artigos escritos sobre o episódio e a própria nota do Conselho Federal de Psicologia já deixam isso claro. Inclusive, Walcyr Carrasco já mudou o rumo da trama e em alguns episódios recentes, a personagem da advogada com especialização em coaching acabou por sugerir que a moça que sofreu abusos sexuais procure por um terapeuta.
Mas acho que esse burburinho todo aconteceu não só porque o que estava sendo tratado na novela é algo sério, mas também por que está havendo uma banalização da profissão de coaching. E de alguma forma as pessoas estão ficando cansadas disso.
Para nós, coaches, isso é grave, e é algo que precisamos mesmo falar sobre.
Entendo que para termos sucesso na carreira como coach precisamos de duas coisas:
1) sermos bons profissionais da área - precisamos ter uma profundidade teórica que sustente nossa prática, ter experiência prática em horas de atendimento, ter supervisão ao longo desses atendimentos e contribuir para que nossos clientes se sintam satisfeitos com o processo.
2) saber vender o Coaching - ou seja, saber fazer marketing de uma forma que garanta uma agenda de clientes e, portanto, a sustentabilidade do seu negócio.
Nesse sentido, percebo que existem dois extremos: de um lado, pessoas que são excelentes coaches e que pouco se dedicam ao marketing. Por ainda usarem o boca-a-boca como principal sistema de divulgação, não atingem um público tão grande quanto poderiam/gostariam de atingir.