Tenho visto que diversas formações e certificações de coaching têm trabalhado como foco central as crenças dos coachees. A grande questão é o que fazer e como abordar as crenças dos clientes de uma forma mais consistente além de algumas maneiras mais “comuns”?
Gregory Bateson foi um biólogo e antropólogo que estudou a fundo a teoria dos sistemas e os impactos desta abordagem na psicologia, na psiquiatria e na linguística (Tosey, 2006). Com base nos trabalhos de Bateson, e um em específico, Robert Dilts adaptou e “apresentou” um dos frameworks mais conhecidos da PNL (e também no Coaching): a pirâmide dos níveis neurológicos. Nela, Dilts apresenta cinco níveis sobre como podemos trabalhar processos de mudança. O primeiro nível é o ambiente, o segundo são os comportamentos, o próximo são as capacidades, seguido dos valores e crenças e culminado na missão/visão de uma pessoa. Olhar para estas cinco dimensões pode ajudar o coach a definir um foco no trabalho com o cliente. Ressalta importante que, na maioria das vezes, as sessões centram-se no quarto nível (crenças e valores). Isto porque o trabalho nos níveis anteriores tem pouco ou nenhum efeito se a crença da pessoa não for “explorada” e expandida.
Uma outra abordagem de como se pode entender e abordar as crenças é entendendo o(s) modelo(s) mental(is) dos clientes. A grande contribuição neste sentido é de Peter Senge no seu livro “A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende”. Apesar de muitos coaches já terem ouvido falar de modelos mentais, ainda percebo que vale a pena aprofundar muito no trabalho de Senge para se apropriar do que são realmente os modelos mentais, como eles funcionam e como podem ser trabalhados no processo de coaching. Para Senge (2013), “modelos mentais são pressupostos profundamente arraigados, generalizações, ilustrações, imagens ou histórias que influem na nossa maneira de compreender o mundo e nele agir.”