Tomei conhecimento, há alguns anos, da Teoria U, desenvolvida pela equipe de pesquisas pedagógicas do - Massachusetts Institute of Technology, trazida ao mundo inicialmente pelo livro “Presença – Propósito Humano e o Campo do Futuro”, em 2004, e aprofundada por Otto Scharmer no livro “Teoria U – Como Liderar pela Percepção e Realização do Futuro Emergente”, em 2006.
Tive a oportunidade de conhecer, há poucos anos, tanto Peter Senge como Otto Scharmer, assim como alguns outros consultores e teóricos do MIT.
Isto veio de encontro à minha busca de instrumentais para processos de mudanças e de inovação paradigmática, para lidar com as sucessivas e rápidas transformações pelas quais passa o mundo atual, com situações cada vez mais complexas, diante das rápidas mutações pelas quais estão passando os paradigmas de sustentação dos modelos de organização e convivência humana.
Após estudos e workshops com o próprio autor Otto Scharmer, passei a utilizar a Teoria U como uma ferramenta de ordenação mental e de processo decisório em atividades de Mentoring e Coaching junto a meus clientes, pois ela propunha passos sequenciais para resolução de situações mais complexas, em três níveis de profundidade – Mente aberta, Coração Aberto e Vontade Aberta. A Teoria U vem da simples letra U. Adentra-se por um lado seguindo os passos e emerge-se do outro lado com o processo completo.
- O processo começa pela “Aceitação” do fato, da questão, do problema, da realidade tal qual se apresente, com seu histórico, seus padrões e sua imagem atual.
- O segundo passo é “Abrir a Mente”, suspender qualquer juízo e observar, observar, observar. É hora de deixar ir os julgamentos, modos de pensar e agir. Agora, o objetivo é o de enxergar os fatos com um novo olhar.
- O próximo passo é “Abrir o Coração”, conectar-se à realidade que está aí, senti-la como é. É hora de sentir o que é realmente importante para a questão que está sendo trabalhada e limpar a mente das reações emocionais do “gosto-não gosto”.
- E, então, “Abrir a Vontade”, isto é, esvaziar a mente de todo impulso de fazer, é “Deixar Ir” todas as experiências passadas e ir ao nível mais profundo e complexo de seu interior, ao ponto a partir do qual todas as mudanças acontecem, e a partir de onde nada e nem ninguém será mais o mesmo. Dá-se, então, o mergulho no Vazio, o deixar-se tomar pela Presença (é o Presencing) e “Deixar vir” o novo, novas ideias e possibilidades, deixar vir o futuro que dessa Fonte Maior está emergindo. A Vontade Aberta corresponde ao fundo do U, onde Otto Scharmer propõe que utilizemos a postura meditativa de Presencing, que coincide com a proposta do Mindfullness ou Atenção Plena.
- Agora a mente, seja individual, seja de um grupo em laboratório vivencial, está aberta para o “Deixar Vir”. O novo então se evidencia, num processo profundamente intuitivo. Este novo vai se confrontar com a intenção mais profunda que direciona o campo, intenção esta pulsando na vibração da sabedoria do campo. Há que verdadeiramente agarrar este novo que emerge para, no dizer de Scharmer, “Cristalizar”, isto é, transformá-lo em uma proposta ou decisão de ação.
- O próximo passo é testar na prática o que emergiu, fazendo o que Scharmer denomina de “Prototipar”, experimentar sua viabilidade e suas nuances num pré-projeto, a fim de amadurecer a nova ideia, que geralmente se remete ao ‘deixar ir’ de conceitos e teorias tradicionais, para criar um novo espaço teórico e metodológico, indicativo de novos caminhos diretivos do processo. O planejamento decisório, que daí segue, se torna verdadeiramente renovador, rumo a realizações mais condizentes com as verdadeiras necessidades e aspirações do campo – seja pessoal, seja corporativo e organizacional.
- A “Realização” corresponde à implantação e gestão do projeto, fazendo acontecer progressivamente o novo direcionamento e as correspondentes ações planejadas.
A Teoria U veio ao encontro de minhas buscas! O Presencing coincide demais com a ideia do Vazio Criativo, que vinha encontrando eco em meu interior a partir de experiências vivenciadas em encontros com mestres orientais, especialmente o milenar budismo e taoísmo em sua atual conformação à realidade ocidental.