Horizonte aberto.
Um pássaro que traça em voo livre o seu caminho
Seguindo o sol, para ser feliz.
Não vai perder o rumo...
Eu tenho um horizonte aberto em minha vida
Eu quero amar, me dividir.
Sem medo, e se afinal eu traço meu destino.
Que seja assim... Até o fim...
(Sérgio Mendes)
Este texto marca nossa despedida, que será em grande estilo.
Estar peregrino é lançar mão da confiança e se entregar para o fluxo. Muitos anos após ter trilhado o Caminho de Santiago, ainda estou Peregrina, e me dou conta disto quando me percebo entregue, presente, atenta, relaxada, conectada.
Confesso que, ultimamente, isso tem ocorrido com menos frequência do que desejaria. Momentos como o presente, em que sou convidada a reescrever minha história, são reveladores de mim mesma e valiosos para que me lembre de quem sou. Então, muita gratidão a você, leitor, que me inspirou a revisitar e reescrever tudo isto. Foi maravilhoso.
CAMINHOS DE SANTIAGO
A peregrinação realiza uma parábola autêntica da vida, solicitando a totalidade do homem, das suas faculdades e dos seus desejos, ao que o caráter coletivo vem dar maior intensidade e mais ampla gama de sentimentos.
Por isso ela se afirma como criadora de sentidos e de memórias, estruturados numa dupla geografia: a que consolida em sinais, monumentos e povoações dos caminhos percorridos; a que sonda e formula os cabos, tormentas e certezas da experiência espiritual do peregrino.
(José Maria Cabral Ferreira em Peregrinar)
Sondar e formular os cabos, tormentas e certezas da experiência espiritual do peregrino extrapola o nível da compreensão e me faz confrontar com o im-possível: caminhar 800 quilômetros a pé e, enquanto isso, adentrar os porões que me habitam a alma.