Quando aceitei coordenar este dossiê, duas preocupações passaram a me acompanhar. A primeira, e mais facilmente resolvida, foi selecionar os autores. Contatei alguns colegas da academia e recebi indicações de professores que se mostraram imediatamente disponíveis para colaborar. E aceitaram escrever, não porque tinham grandes disponibilidades. Meus colegas professores confirmaram a tese de que “se você quer que algo seja feito, peça a quem está ocupado”. Os artigos dos meus colegas professores são verdadeiras preciosidades, não só pelo critério acadêmico mas, principalmente, pelo horizonte de possibilidades que trouxeram para o Coaching e Mentoring para a formação e carreira dos estudantes. A segunda preocupação, e mais difícil de ser resolvida, foi escrever meu próprio artigo, pois sinceramente, não tenho qualquer experiência de aplicar tais metodologias para o processo de aprendizagem de alunos universitários, a não ser as aulas sobre Coaching e Mentoring que dou no MBA da FGV. Mas me senti desafiado a saber mais sobre o assunto. Então, resolvi fazer algumas pesquisas na web e conheci o Programa de Mentoring da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra – FEUC. Até tentei um contato com eles, para verificar o interesse de algum professor da FEUC, vinculado ao Programa, em escrever um artigo. Seria ótimo estabelecer um intercâmbio com eles, por meio da Revista. Infelizmente, não obtive a resposta até a data limite da entrega dos artigos.
Mas isso me atiçou uma grande curiosidade. Comecei então a pesquisar mais sobre como o Coaching e o Mentoring estão sendo aplicados nas Universidades pelo mundo. Descobri que muitas Instituições de peso possuem programas robustos de Mentoring como parte da formação de seus estudantes, algumas utilizando ex-estudantes, bem-sucedidos em suas carreiras, como mentores. Pelo pouco que vi, já deu para sentir uma “inveja branca” dos gringos.
Mas meus colegas professores diminuíram esse sentimento, ao mostrarem em seus artigos, que temos excelentes práticas nas nossas universidades. A Profa. Dra. Ana Paula Arbache, minha colega na FGV e a primeira a ser convidada, é uma das professoras mais incríveis que tenho a oportunidade de conviver. No MBA de RH em que atuamos juntos, Ana Paula é professora da disciplina mais “assustadora” do curso – metodologia científica – e orienta o TCC dos alunos. Com sua maneira humana e muito profissional, utiliza o Mentoring para apoiar e encorajar os alunos a transformarem seus trabalhos de conclusão de curso em projetos reais, com aplicabilidade prática no campo profissional. Tenho visto resultados encantadores com nossos alunos, sob a mentoria da Profa. Ana Paula.
O Prof. Dr. Fabio Botteon, outro colega da FGV, nos ajuda em seu artigo, a compreender as diferenças e sinergias entre o Coaching e o Mentoring na descoberta do Eu Profissional do estudante.
A Prof. Doutoranda Ana Pliopas apresenta como o Coaching tem sido aplicado para diminuir a evasão de alunos de ensino superior, por meio do modelo de Coaching de Persistência.
O artigo da Profa. Dra. Patrícia Bellodi, coordenadora do Programa de Tutores da Faculdade de Medicina da USP, aborda o Mentoring na jornada do estudante de medicina, uma formação e carreira tão exigente, em que a mentoria tem ajudado tanto na formação, quanto no suporte emocional desses estudantes.
E a Profa. Dra. Tania Casado, diretora do Escritório de Desenvolvimento de Carreiras da USP, nos traz uma interessante provocação com o artigo “Sem uma boa teoria não se cria uma boa prática”, mostrando, entre outras coisas, como os processos de Mentoring, Counseling, Coaching e Tutoria podem servir melhor ao desenvolvimento de carreira de estudantes.
Espero que o leitor desfrute do conhecimento maravilhoso disponibilizado por tão brilhantes professores, que generosamente, nos presentearam com suas experiências.
Artigo publicado em 31/10/2017