Introdução
Mentores têm sido definidos como aqueles (geralmente mais velhos e experientes) que ajudam outros (usualmente mais novos e inexperientes), através de uma relação continuada, a fazer uma transição segura na jornada em direção a um novo jeito de ser. Sabe-se que adquirir conhecimento não é, em si, suficiente para passar de um estágio a outro na jornada profissional: é preciso refletir sobre atitudes e, especialmente, ser orientado na aplicação ética e humana de sua prática. Neste artigo, destaco a relevância da relação de mentoring no ciclo de vida acadêmica universitária, apresentando, em especial, experiências de mentoring na jornada de formação de futuros médicos.
Uma clássica relação
A relação de mentoring nasce inspirada na figura de Mentor, um sábio e fiel amigo de Ulisses, Rei de Ítaca, personagem da Odisséia de Homero. Quando Ulisses partiu para a Guerra de Tróia, ele confiou ao amigo o cuidado de seu filho Telêmaco. Mentor foi responsável pela educação de Telêmaco, pela formação de seu caráter e pela sabedoria de suas decisões: orientava, guiava, ensinava, inspirava e encorajava. Quando Ulisses demorou a voltar da guerra, Mentor ajudou Telêmaco a ir em busca de notícias do pai.
Na Odisséia encontramos os elementos centrais que, ainda hoje, contribuem para a compreensão dessa relação tão especial: o mentoring é uma jornada, onde um viajante mais experiente acompanha um iniciante em direção a um novo destino; a relação é de colaboração e a autoridade do mentor deriva de sua experiência e sabedoria; o mentor é um guia do conhecimento prático e também uma força de suporte moral e pessoal e, por fim, ele dá espaço para o jovem provar o seu valor.
A “odisséia” do estudante universitário