Nestes 35 anos trabalhando com Coaching com Psicodrama, concluímos que o Objeto Intermediário (OI) é um grande aliado durante o processo, auxiliando o coach no seu trabalho e o coachee nas suas descobertas.
Apesar do Psicodrama e do Sociodrama terem sido criados pelo médico Jacob Levy Moreno como intervenções terapêuticas, a primeira visando o ser humano e a segunda os grupos, suas possibilidades no Coaching logo foram percebidas.
Segundo Romaña (1996), a arte de estimular as pessoas a pensarem sistemicamente sobre um problema a ser resolvido facilita encontrar uma saída saudável. O método baseado no Psicodrama exige que o coachee entre em contato com o conhecimento que ele já possui, que é valorizado e aceito. O método permite testar numa situação “viva” ou real, a validade do comportamento que foi incorporado através da rotina.
O OI começou a ser usado a partir das ideias de Rojas-Bermudez (1969). A ideia é não se dirigir diretamente ao coachee, mas sim por meio de algo como uma figura, desenhos, quadros, bonecos, máscaras ou objetos em geral, que facilitem a comunicação não invasiva. Qual objeto e o momento de fazer dependem do grau de ensimesmamento do coachee e das respostas que se obtém.
Do ponto de vista prático, o OI é qualquer objeto que funcione como facilitador do contato e da comunicação entre duas ou mais pessoas, como veículo de expressão e afeto. Do ponto de vista da conceituação teórica, este termo foi cunhado devido à própria qualidade do objeto em intermediar a passagem do estado de alarme, ou campo tenso, para o campo relaxado (Schmidt, 2006)
O OI amplia a visão além do problema/situação e pode ser usado nos trabalhos de consultoria, no coaching e nas intervenções sociodramáticas em geral. Ele é um facilitador para criar e recriar o cenário do coachee, facilita entender a espacialidade onde as coisas acontecem dentro e fora dele, e a temporalidade onde o passado ainda é presente. Permite perceber que ainda está ligado a algum fato que se passou para então, criar o futuro trabalhando os medos, fantasias e possibilidades. Amplia o universo do sujeito, interroga o que é invisível (Merleau–Pointy, 1977).