É na Grécia do séc. V a.C. que se origina o “drama”, onde os personagens eram auto narrativos, isto é, autores e atores dos diálogos e atitudes da ação dramática, facilmente compreendidos pelo público.
É no séc. XX que a palavra, o falar, a expressão verbal, ganhou tamanha importância como meio de tratamento que várias correntes de psicoterapia fundamentadas na palavra se desenvolveram.
E foi no início do séc. XX, em Viena, que J. L. Moreno, um psiquiatra formado em Viena, observa o quanto há de verbal, o quanto a totalidade da expressão humana não se dá somente pela palavra. Homem inquieto e agitado, ligado ao teatro como meio de transformação social e da cidadania da época, cria uma nova maneira de tratar os conflitos e dores humanas, ao casar a ciência psicológica com o teatro, incluindo a ação, o drama, em termos gregos, como fator transformador, visando a saúde mental e emocional. Aproveitando sua própria experiência com propostas e vivência teatral, Moreno dá origem a um novo método de tratar as relações das pessoas e dos grupos pela ação: o Psicodrama.
O psicodrama se diferencia de outras abordagens pela sua concepção de ação/drama e dramatização. Em todo procedimento de psicodrama, quer seja individual ou em grupo, é um processo que se desenrola com uma escuta, uma discriminação do principal e do secundário, com a percepção sensível de dados para que a dramatização seja fecunda e fertilize a ação, sendo mais potente nos seus resultados do que outros tipos de teatralização.
A dramatização psicodramática se passa no espaço físico onde a ação e a comunicação são as alavancas da ação dramática, facilmente entendida pelos demais participantes porque a auto narração afeta a subjetividade de todos. Depois das etapas de aquecimento, identificação da temática e do seu autor, o protagonista, é que a dramatização acontecerá. O protagonista se move para o espaço do palco psicodramático e nele, com a participação do profissional especialista em psicodrama, será aquecido para vivenciar sua questão. Como na ação dramática do teatro grego, a auto narração acontecerá a partir do início da ação. Nesse caso, nem sempre o protagonista pode ficar só, outros participantes do grupo entram, assumindo papéis complementares. Aqui temos um princípio fundamental do psicodrama: o homem em relação, o ser humano não vive isolado, está sempre com algum complementar através dos seus papéis.