Todas as doenças envolvem fatores biológicos, psicológicos e sociais. O câncer também tem em sua causa estes fatores e muitas vezes seu prognóstico envolve estimativas de tempo de vida e de incertezas do sucesso do tratamento, seja por intervenções farmacológicas ou por cirurgias. Um diagnóstico de um câncer é considerado uma adversidade severa. Uma situação de extrema dificuldade de enfrentamento. Uma situação de exposição da fragilidade humana que muitos consideram incontrolável e insuportável: é o reconhecimento da maior probabilidade de morte.
Mas o que a Resiliência nos trouxe para contribuir com o enfrentamento desta doença e de todas as dificuldades que vêm no mesmo pacote é a confiança na superação.
Resiliência é uma postura estratégica de enfrentamento para conseguir superar os desafios, limitações e adversidades do dia a dia. É procurar despender a energia em possíveis soluções para o problema.
Ao se lidar com adversidades graves, como é o caso de um câncer, despende-se uma energia significativa, inclusive gerando muito sofrimento. Mas a resiliência revela-se na capacidade de gerir esta energia de forma propulsora, para encontrar a melhor solução possível aos obstáculos enfrentados.
E como ter este pensar estratégico, em um momento de tanta dor, angústia e medo? Como ser resiliente quando o tratamento da doença é extremamente cruel e o prognóstico indica possibilidade de pouco tempo de vida?
A resposta está em acreditar que é possível! É ter esperança de que tudo vai melhorar, mas não é uma esperança que somente espera sem agir. É ter confiança nas estratégias desenvolvidas para a mudança e de que não há dúvida de que a doença será superada.
Como o acreditar e o confiar podem interferir na superação e até no prolongamento do tempo de vida prognosticado?
Pela lógica apresentada no primeiro parágrafo deste artigo, assim como toda doença envolve em sua causa fatores biológicos, psicológicos e sociais, a cura também envolve estes fatores. Por este motivo, o tratamento do câncer envolve não somente intervenções biológicas, mas também psicológicas, sociais e espirituais. Estas intervenções são as mudanças na forma de pensar, sentir e agir. Envolvem ações como rever o estilo de vida, a ressignificação das crenças e as diversas mudanças na estrutura emocional, espiritual e social que contribuirão para a cura, uma vez que estas ações, se não alteradas, continuarão a contribuir para a doença.