Comunicação violenta é algo que faz parte da sua realidade? A maioria de nós responderia que sim, muitos talvez considerando uma perspectiva externa, da comunicação efetuada pelo outro. Para uma boa parte das pessoas não é natural identificar sua comunicação como violenta. Isto se dá porque geralmente associamos violência com agressões patentes, sejam físicas ou verbais.
Contudo, essa zona de conforto onde nos posicionamos não é real: todos nós, de alguma forma ou em alguma instância, somos violentos ao nos comunicarmos.
E neste ponto, vale esclarecer que a violência na comunicação se caracteriza não apenas pela agressão evidente, através de ataques verbais ou físicos a alguém, mas também por tudo aquilo que induz à mágoa ou à dor.
Foi com base nesta concepção que Marshall B. Rosenberg, psicólogo americano, falecido em 2015, iniciou um programa contínuo de pesquisa de um processo de comunicação, elaborado a partir de quatro componentes, ao qual nomeou Comunicação Não-Violenta ou apenas CNV. Comunicação Compassiva ou Comunicação Empática são outras nomenclaturas correlatas encontradas para este tema.
A CNV é um processo com contornos simples, que se converte em um novo estilo de linguagem eficaz, permeada pelo respeito, a atenção e a empatia, para consigo e para com o outro.
Em linhas gerais, os quatro componentes através dos quais a CNV se desenvolve são:
- Observação – dos fatos, sem a interferência de avaliações.
- Necessidades - dos envolvidos, em substituição ao julgamento das ações.
- Sentimentos - dos envolvidos.
- Pedidos – para atender necessidades, substituindo exigências e ameaças.
Marshall, de fato, não apresentou um novo conceito, mas organizou estruturas inerentes a qualquer ser humano de uma forma quase intuitiva. Técnicas de negociação e de mediação costumam trazer nuances da CNV.
A aparente simplicidade da CNV, contudo, é ambígua. Namora com o complexo. Aplicá-la ao cotidiano esbarra na desconstrução de padrões de linguagem e comunicação profundamente enraizados. Por outro lado, é inegável sua eficácia na resolução de conflitos complexos.