Preguiça, o hábito que se contraiu de descansar antes da fadiga.
Jules Renard
“Joana tinha um importante projeto que, se causasse uma boa impressão na diretoria, poderia lhe render uma promoção na carreira. Ela tinha trinta dias de prazo para preparar tudo. Pensou em como seria bacana se conseguisse o novo cargo que ela almejava há tanto tempo e que daria uma guinada em sua vida. Confiante, pensou: - tranquilo, tenho 30 dias para preparar tudo com calma!
Como o prazo estava distante, resolveu deixar este fim de semana para descansar e começar no próximo...
Bem, 15 dias se passaram e Joana não iniciou seu trabalho. Pensou que ainda tinha prazo e, como estava muito cansada, foi ao cinema para relaxar. Agora, há menos de 1 semana do prazo final, Joana começou a se preocupar porque o acúmulo de atividades não estava deixando tempo livre para se dedicar ao projeto. Ela pensou: - dedicação integral; posso passar as noites trabalhando na apresentação...
Faltando um dia para a apresentação do projeto, Joana, sem dormir direito por várias noites, resolveu passar a noite em claro para preparar o projeto. Estava quase amanhecendo, quando terminou tudo, mas cansada demais, dormiu em cima da mesa mesmo. Acordou assustada e atrasada para a apresentação, derrubou café na blusa, não teve tempo de repassar as ideias e saiu correndo para o trabalho.
Chegou atrasada, com o material desorganizado, com aparência desleixada e causou uma péssima impressão na diretoria, que acabou escolhendo outro projeto, que não era tão bom quanto o seu, mas foi bem apresentado e articulado, dando muito mais segurança aos diretores.
Joana ficou arrasada e pensou: - nunca mais deixarei as coisas para a última hora! De agora em diante farei tudo com bastante antecedência.
Como seu trabalho era bom, os diretores resolveram dar um novo prazo para Joana: 15 dias para nova apresentação. Ela ficou feliz e saiu pensando: vou começar agora mesmo... Bem agora não, vou primeiro ao shopping para relaxar e começarei amanhã...”
Você se reconhece nesta estória? Conhece alguém assim? O hábito de “deixar para amanhã” é mais comum do que podemos imaginar.
Aposto que pelo menos uma vez na vida você deixou para amanhã algo importante que poderia ser feito no momento; e depois ficou estressado porque o que era importante passou a ser urgente, com o prazo apertado e teve que fazer tudo às pressas.
Um dos maiores desperdiçadores de tempo, um grande vilão que nos impede de desenvolver todas as possibilidades, de alcançar objetivos, realizar sonhos: o terrível vício da procrastinação. E por que procrastinamos? Por que insistimos em deixar para amanhã aquilo que deveríamos fazer hoje?
Porque decidimos assim, equivocadamente... Nossas decisões são tomadas primeiramente no inconsciente, e depois trazidas à consciência, acompanhadas de uma justificativa racional.
Segundo um estudo da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), o ato de escolher se divide em três etapas:
- Seu cérebro decide o que você vai fazer;
- Você toma consciência da decisão;
- Você age de acordo com a decisão tomada.
Algumas decisões tomadas pelo cérebro não são informadas à nossa consciência. Por exemplo: quando decidimos nadar, a decisão é consciente, mas, imediatamente o cérebro assume o controle e coordena a ação de dezenas de músculos para que nademos. Não estamos conscientes de todas essas pequenas decisões. Executamos o ato de nadar automaticamente.
Decisões simples não exigem tanto esforço cerebral. Mas, as decisões complexas sim. Se todas as decisões tivessem de ser minuciosamente avaliadas pelo nosso cérebro viveríamos com fadiga mental.