Um dia, em 1992, estava eu numa sessão de desenvolvimento para um profissional de uma grande empresa para a qual estava dando uma Consultoria, quando ele me disse: “- Seu Coaching é impressionante, muito eficaz; acabo de voltar do Canadá, onde conheci o processo e nem sabia que alguém aqui fazia isto”. Confesso que não tive coragem de perguntar: “- Mas o que vem a ser Coaching?”
Em seguida da sessão, iniciei minhas pesquisas a respeito, buscando livros e profissionais que estivessem, por acaso, ligados ao que seria o tal Coaching. Ainda não podíamos contar com a Internet e o caminho era mesmo com as experiências de alguns profissionais e a literatura a respeito.
Podia-se contar nos dedos o número de profissionais que estavam ligados à nova prática, sobretudo aqueles que, como eu, caíram diretamente na fonte do Coaching: as descobertas que Timothy Gallwey já vinha fazendo desde o início dos anos 70, nos Estados Unidos, e também os trabalhos do inglês John Whitmore, que buscou especificamente a metodologia de Gallwey e foi trabalhar com ele lá.
Mas por que aquele profissional achava que o que eu fazia podia ser chamado de Coaching? Descobrindo cada vez mais a prática de Tim Gallwey, fui me dando conta das coincidências: a primeira e maior delas, o conhecimento e o uso da percepção como instrumento primeiro da aprendizagem e do desenvolvimento, não só de si mesmo, mas na facilitação da aprendizagem do outro.
Na nossa concepção de trabalho de desenvolvimento, não se propõe nada a ninguém, sem se passar primeiro pelos mesmos caminhos para se ter uma ideia, por menor que seja, da estrutura e das possibilidades do que é proposto. Não apenas saber conceitualmente, mas, de fato, experimentar e, ao propor, não correr o risco de tratar os outros como “objetos” de nossa ação. O cuidado com as pessoas sempre foi marca especial de tudo que fazemos.
Gallwey tinha feito algo semelhante, quando, percebendo a importância da percepção, foi desenvolver-se num Ashram indiano. E com sua percepção ampliada, aos poucos, foi fazendo descobertas essenciais para a construção da teoria do Coaching. Era professor de tênis e, atento à sua relação com os alunos, fez prosperar sua pesquisa, trabalhando diretamente sobre aprendizagem. Depois foi convidado a levar a prática para as empresas e continua, até hoje, trabalhando com ela na sua própria escola, The Inner Game School, e, mais recentemente, em outros países, na The Inner Game International School.