Ele tinha onze anos e sempre ia pescar no cais próximo ao chalé da família. A temporada de pesca começaria no dia seguinte, mas ele e seu pai saíram no fim da tarde pra pegar apenas peixes cuja captura estava liberada. O menino preparou a isca e começou a arremessar. Logo o caniço vergou, e ele se deu conta que havia algo enorme na ponta da linha. O pai olhava com admiração enquanto o menino, habilmente e com muito cuidado, retirava o peixe da água. Era o maior que ele já tinha fisgado, porém sua pesca só seria permitida na temporada que começava no dia seguinte. Enquanto apreciavam aquela beleza de peixe, o pai acendeu um fósforo e olhou para o relógio; perto das dez horas da noite. Ainda faltavam duas horas para a abertura oficial da temporada.
Seu pai então olhou para ele, e disse:
– Filho, você precisa devolvê-lo!
– Mas papai! Olha só o tamanho dele! – reclamou o menino.
– Vai aparecer outro – insistiu o pai.
– Não tão grande quanto este – choramingou o menino.
O garoto olhou ao redor e percebeu que não havia outros pescadores ou embarcações à vista. Ele então voltou novamente o triste olhar para o pai, mas não teve jeito; a decisão era inegociável. Com cuidado, o menino então tirou o anzol da boca do enorme peixe e o devolveu ao lago, enquanto imaginava que provavelmente jamais pegaria outro peixe tão grande quanto aquele.
Trinta anos depois, o Chalé continua lá, e o menino, agora um bem-sucedido arquiteto, leva seus filhos pra pescar no mesmo cais. Sua intuição estava correta: Ele nunca mais conseguiu pescar um peixe tão maravilhoso como o daquela noite, mas vê o mesmo peixe todas as vezes que se depara com uma questão ética em seu dia a dia.
Em coaching, costumamos “desconstruir” palavras e expressões que possam suscitar significados diferentes. Portanto, antes de prosseguirmos, permita-me desconstruir a palavra ética e expressar o que ela significa pra mim: