Existe um vilarejo escondido no Uruguai chamado Cabo Polônio. Ele fica localizado a 400 km de Montevidéu e é um roteiro para poucos, mas capaz de surpreender um experiente viajante. O nome da cidade é uma homenagem a Joseph Polloni, o capitão de um barco que, como muitos outros, naufragou na região.
Polônio abriga apenas 60 moradores e a região está ligada a uma faixa de areia densa, rodeada de dunas que já foram habitadas por uma tribo de índios no século 16. Para chegar lá, o trajeto é de cinco horas e geralmente é feito de barco. Só que ali, a força das águas encanta e assusta ao mesmo tempo. Até o navegador mais destemido fica atento. Por isso a região foi chamada de ‘Inferno dos Navegantes’. Houve uma época em que ao passarem por aquela área, os navegadores entravam em pânico ao verem as bússolas sem direção girando descontroladamente. Dizem que o melhor horário para se navegar em Polônio é à noite. O espetáculo fica completo se a noite for de Lua Cheia, já que o local não tem luz elétrica, e a escuridão é total. Sua única iluminação artificial é a luz do farol, localizado entre as praias Norte e Sul. Ao anoitecer, a península fica em total escuridão por 12 segundos. Tempo que a luz do farol demora para dar uma volta completa.
Durante sua passagem pelo lugar, o artista uruguaio Jorge Drexler criou um álbum chamado "12 segundos de escuridão". A música que leva o título do álbum traz, além de poesia, um grande ensinamento para todos que passam por momentos conturbados, ou seja, momentos de crise no qual dificilmente conseguimos enxergar uma luz e ficamos céticos em acreditar naquela história dos mais otimistas de que “do latim, o momento de crise é momento de oportunidade”.