Recentemente, tem se falado mais sobre o coaching em saúde e bem-estar, mas o que realmente é esta modalidade de coaching? Do que estamos falando? A quem se aplica? Qual o tipo de formação necessária? São dúvidas comuns e extremamente pertinentes. A ideia deste artigo é compartilhar um pouco acerca destas origens, bem como esclarecer sobre as possibilidades e recursos que o coaching em Saúde e Bem-Estar podem proporcionar para os profissionais que desejam atuar nesta área e para os clientes que se beneficiam deste processo.
O coaching em saúde e bem-estar (também chamado de health coaching e/ou wellness coaching) é uma abordagem voltada ao desenvolvimento de recursos de autocuidado para gerenciar doenças crônicas e/ou modificar o estilo de vida de modo a melhorar seu estado de saúde e bem-estar.
Nas últimas duas décadas, esta modalidade de coaching ganhou espaço significativo no suporte de tratamentos médicos e é de ampla utilização nos Estados Unidos, tanto por pessoas físicas como através dos planos de saúde e seguradoras.
Em função dos diferentes formatos de coaching praticados, da dificuldade de consenso e de padronização para publicação de evidências científicas, foi formado o “National Consortium for Credentialing Health & Wellness Coaches – NCCHWC”. No início de 2010, as co-fundadoras do NCCHWC, Karen Lawson e Margaret Moore montaram uma equipe de 14 líderes voluntários, dedicados à missão de criar normas nacionais de certificação de coaches de saúde e bem-estar, sendo este um marco importante na profissionalização e do aumento em escala de um campo profissional baseado em evidências.
Desde então, o consórcio vem publicando consensos e diretrizes para uma certificação nacional que terá início em 2016. Esta ação agrega valor às boas formações de coaching em saúde e efetivamente contribui na construção de diretrizes para uma prática profissional séria e baseada em evidências. Além da certificação de coaches, o consórcio está estabelecendo critérios de acreditação para escolas de formação de coaching que irão contribuir para valorizar as formações de qualidade, com processos educativos consistentes, referencial teórico adequado, estágios supervisionados, etc.
No Brasil, as formações específicas começaram em 2011, com a vinda de duas das grandes escolas americanas, e a partir de então, começamos a ouvir sobre esta modalidade, ainda em pequena escala. Mais recentemente, com mudanças nas composições societárias de grandes seguradoras de saúde no Brasil, começamos a ouvir o termo “health coaching” acontecendo junto com programas de ligações ativas das seguradoras para os clientes de maior utilização do plano, doentes crônicos ou de maior perfil de risco em saúde. Começamos então a nos deparar mais diretamente com os diferentes formatos, protocolos e abordagens do coaching em saúde e bem-estar no Brasil.
Wolever e outros pesquisadores publicaram em 2013 uma revisão analisando as definições operacionais do coaching em saúde e bem-estar publicadas na literatura médica e em revistas com revisão de pares. Seu trabalho aponta para o histórico de definições de coaching em saúde e bem-estar e apresenta como referência atual a definição do NCCHWC:
“Coaches em Saúde e Bem-Estar são profissionais de diferentes backgrounds e formações que trabalham com indivíduos e grupos em um processo centrado no cliente, no sentido de facilitar e empoderar o cliente para que alcance metas auto estabelecidas relacionadas à saúde e bem-estar. O processo de coaching que tem sucesso acontece quando o Coach aplica um conhecimento e habilidades claramente específicos de modo que o cliente mobiliza forças pessoais internas e recursos externos para mudanças sustentáveis.”
Esta definição começa a nos trazer a compreensão sobre a atuação deste profissional e orienta como diferencial, o estabelecimento de metas relacionadas à saúde e bem-estar. No entanto, não esclarece sobre a prática, as estratégias utilizadas, os métodos de entrega deste serviço, etc. Na literatura científica é crescente o número de artigos que têm health ou wellness coaching como intervenção e objeto de estudo, e a diversidade de protocolos de intervenção vão de: abordagens sem nenhum contato humano (apps e web) ao contato semanal presencial; abordagens que incluem aspectos educativos e de orientação ao cliente a abordagens nas quais a descoberta e aprendizagem é 100% responsabilidade do cliente. Como saber qual metodologia apresenta maior efetividade e provoca mudanças sustentáveis, de longo prazo?