Antes de abordar propriamente as fronteiras do Coaching, quero propor um olhar um pouco mais cauteloso para o conceito de fronteira, para seus significados mais comuns e para outras palavras que apesar de parecerem sinônimos, podem se distanciar deste. Os conceitos invariavelmente remetem a outros, que vão fazendo entre si conexões infinitas.
Limite é uma destas palavras, que não raro é empregada como sinônimo de fronteira, apesar de não o ser, ou melhor, de podermos cair no risco de reduzi-la ao empregarmos essa substituição, apesar da relação entre elas. Pela definição Aristotélica, limite é “o último ponto de uma coisa, ou seja, o primeiro ponto além do qual não existe parte alguma da coisa e aquém do qual estão todas as partes dela” e, portanto, para falarmos sobre os limites do Coaching, teríamos que definir o que coaching é. Haveria que se definir extremidades, descontinuidades, territórios e términos, especialmente se pensarmos quão próxima da referência de fim ou esgotamento ela está.
O filósofo Kant diz que “limite sempre pressupõe um espaço que está além de certa superfície determinada e que a inclui em si; a fronteira, porém, não precisa disso”, o que nos leva para uma possibilidade de expansão do significado de fronteira para um espaço móvel, plástico, que se molda em relação ao contexto e se adequa às demandas históricas.
Pensemos, nesse texto, limites como pontos finais que restringem e fronteiras como campos separados de outros por membranas que permitem fluxos e passagens, zonas de vizinhança. A fronteira entre mar e areia na praia exemplifica essa transição irregular, inconstante, orgânica e bailarina, um local indiscernível entre um e outro.
As “profissões de ajuda” estão invariavelmente nas fronteiras e fazem vizinhança com a profissão de coach. Querer ajudar o outro é uma das assertivas mais presentes entre os estudantes de coaching com os quais me relaciono e certamente está entre as grandes motivações para a escolha dessa profissão.